ELEIÇÕES
NO EX-SBSI
2023
Nas
redes sociais começam a posicionar-se os candidatos aos Corpos
Gerentes do ex-SBSI (Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas) com
promessas de “mundos e fundos”, mas sem apresentarem qualquer
resposta credível às questões que mais importam aos trabalhadores
bancários.
PONTO
DA SITUAÇÃO ACTUAL
Partidarização
Desde
sensivelmente 1976 que as Direcções do ex-SBSI têm sido afectas à
TSS (Tendência Sindical Socialista, leia-se PS) em coligação com a
TSD (Tendência Social Democrata, leia-se PSD), excepto durante um
curto período em que se coligaram com as Listas Unitárias (leia-se
PCP). É inegável a forte influência ideológica partidária nas
Direcções deste Sindicato que, note-se, não é apanágio do
ex-SBSI, mas também de outros sindicatos, nomeadamente dos diversos
sindicatos dos bancários.
UGT
Também
forte influência partidária se verifica na UGT (União Geral dos
Trabalhadores) ao ponto de praticamente desde a criação desta
Central Sindical os cargos de Presidente e Secretário Geral terem
sido (alegadamente por acordo) da área, respectivamente, da TSS e da
TSD.
Devido
à elevada sindicalização dos sindicatos dos bancários, mais
especificamente do ex-SBSI, as contribuições financeiras para a UGT
assentam e muito, nestes sindicatos, pelo que o afastamento da UGT de
um destes sindicatos, nomeadamente do ex-SBSI, poderia, seguramente,
provocar um desequilíbrio financeiro nesta Central e ainda maiores
dificuldades na sua afirmação no mundo do trabalho.
Descrédito
Com
as actuações das últimas mais recentes Direcções do SBSI
verificou-se um progressivo descrédito que levou, inclusive, a um
maior afastamento (que já era muito) dos trabalhadores e de muitos
putativos activistas sindicais. É minha convicção que um
substancial número de associados do ex-SBSI só se não desvincula
por razões de postura político sindical ou devido à eventual perda
de benefícios do Fundo Sindical de Assistência.
Este
descrédito terá levado também a que os membros das tendências que
apoiam a Direcção tenham deliberado adiar as eleições de forma a
que uma nova candidatura (da TSS coligada com a TSD) não fosse
contaminada e, consequentemente, corresse o risco de perder o acto
eleitoral para uma lista que se se apresentasse fora do espectro
partidário que apoia a UGT. Se tal se verificasse, o eventual
afastamento da UGT parte do ex-SBSI, conduziria a um possível
colapso financeiro desta Central.
Mudar
os actores para que tudo continue na mesma
A
hipótese real da perda do ex-SBSI e possível afastamento da UGT com
consequências financeiras e políticas imprevisíveis obriga
a mudar as táticas dos
dirigentes sindicais e políticos
com vista a uma estratégia que leve ao esquecimento dos
posicionamentos da anterior
e também desta
actual Direcção
do ex-SBSI. Daí a começarem a posicionar novos actores na cena
sindical que, não obstante
perfilharem as mesmas políticas defendidas pela
TSS e TSD (a que também
pertencerão
estes novos actores),
surgem com posturas de distanciamento dos actuais dirigentes do
ex-SBSI e com uma linguagem e roupagem aliciantes, mas pouco
credíveis.
SITUAÇÃO
FUTURA
Confiança
para mudar
É
uma utopia, bonita, desejável, mas utopia, supor que a
generalidade dos
trabalhadores bancários estão politicamente preparados para separar
as suas ideologias políticas de uma visão a médio ou a longo prazo
dos seus interesses imediatos profissionais.
A
realidade demonstra que a maioria quer aquilo a que se
chama estabilidade e tem
muitas dificuldades em apostar numa mudança que para
eles é uma incógnita.
Aqueles
que passaram por uma mudança no período
a que eu chamo a época de
ouro do sindicalismo bancário (1988
a 2000) estão todos
(ou quase todos) na situação
de reforma. São os
reformados cerca de 23 mil
e, mesmo assim, podendo
mudar este estado de coisas, não
exercem o direito de voto para uma mudança substancial da política
sindical no ex-SBSI.
Como
fazer votar para a mudança
os reformados? Como transmitir confiança para
a mudança aos do
activo?
Victória
para mudar só com alianças
Com
o afastamento das Listas Unitárias (leia-se PCP) da vida sindical do
ex-SBSI, que levou à
criação de mais um sindicato, impunha-se não deixar “órfãos”
os trabalhadores que não acreditavam nas políticas sindicais
definidas pela
TSS e TSD. Nasceu o MUDAR.
Nem
a TSS, nem a TSD, nem o MUDAR em si só conseguem no ex-SBSI eleger
uma Lista candidata. Mesmo que o conseguissem seria quase impossível
dirigir o sindicato, pois no Concelho Geral as outras duas tendências
não eleitas, seriam uma força que se uniria para obstruir qualquer
iniciativa.
A
realidade diz-nos que na actualidade só uma lista constituída pela
TSS e TSD ou então pela TSS e MUDAR conseguirá ser vitoriosa.
TSS
e MUDAR
A
experiência demonstra-nos que as Direcções apoiadas pela TSS e TSD
não trouxeram ao longo de anos benefícios directos aos
trabalhadores bancários. E não me recordo de nenhum benefício
indirecto.
Recordo
que a aprovação, pela
UGT, ao lado do patronato e do governo, da caducidade dos contractos
de trabalho, sem que tenha
havido (que seja público) qualquer
contestação das Direcções do ex-SBSI constituídas pela TSS e
TSD, permite que
em cada negociação contractual possa
ser posto em causa tudo,
mesmo tudo o
que já tinha sido aprovado em anos anteriores. Na prática é
como se se
negociasse a partir do zero
um novo contracto. Os
trabalhadores perderam a garantia aos direitos adquiridos que foram
alcançados muitas vezes com enormes sacrifícios e lutas. Só
este acontecimento nefasto para os trabalhadores é um exemplo dos
males que resultam das alianças entre membros
da TSS e da
TSD.
Lembro
que no curto período em que a Direção do ex-SBSI
foi apoiada pela TSS e pelas Listas Unitárias (sem a participação
da
TSD) os trabalhadores conseguiram mais benefícios e mais direitos,
tanto de
âmbito sindical como no âmbito da saúde, comparativamente
com anos anteriores e posteriores em que o sindicato foi dirigido
pela TSS coligada com a TSD.
Sem falar no desporto, na
cultura e no lazer, que
também são ganhos a ter em conta.
Uma
opção benéfica e credível, com grandes possibilidades de sair
vitoriosa, passa por uma lista constituída pela TSS e pelo MUDAR,
com base num programa comum e com sindicalistas maioritariamente
escolhidos de entre os trabalhadores no activo.
O
que é o MUDAR
O
MUDAR é um Movimento de Unidade, Democracia e Acção Reivindicativa
que defende “...um
sindicalismo de base, participativo, um sindicalismo com
princípios...”
e
que seja
“Intransigente
defensor dos interesses dos Bancários, combatendo todas as políticas
que prejudiquem a classe, independentemente do Governo ou dos
banqueiros que as queiram implementar”.
Neste
movimento, criado a 13 de Janeiro de 2003 têm lugar “...todos
os trabalhadores que a ele queiram aderir, sejam eles apartidários
ou simpatizantes, filiados e militantes de partidos políticos”,
criando
“A
envolvência de trabalhadores num processo de participação dinâmica
e activa e de unidade reivindicativa na acção”.
A
existência do MUDAR tem vindo
a permitir
aos Bancários terem uma alternativa e obrigado as Direcções PS/PSD
do ex-SBSI
a serem mais contidas nas cedências que fazem ao patronato.
Que
acordo para uma aliança TSS / MUDAR
O
acordo deve contemplar:
-
A distribuição dos órgãos estatutários pelas duas tendências;
-
A sigla e o programa de candidatura;
-
A acção
e Intervenção sindical;
-
A integração dos membros da MAG nas reuniões de Direcção e
integração nas
diferentes actividades em
igualdade com os membros da Direcção;
-
O Estatuto
editorial e direcção do órgão de comunicação do sindicato;
-
As condições
de referendar matéria não consensual;
-
A representação
do sindicato em actividades sindicais;
-
A posição
relativamente às Centrais Sindicais.
Para
que o acordo e a aliança seja exequível é
óbvio que a manutenção do ex-SBSI na UGT não
deve ser posta em causa, sem
prejuízo, porém, de
a CGTP-IN poder dirigir-se, em actividades sindicais (Congressos,
colóquios, etc), aos participantes, bem como os dirigentes da
CGTP-IN poderem ser entrevistados para o órgão de Comunicação do
sindicato.
CONCLUSÕES
Pelo
exposto considero que qualquer tendência sindical no seio do ex-SBSI
não tem condições para isolada obter uma vitória eleitoral e,
mesmo obtendo-a, para dirigir o sindicato com uma oposição
maioritária no Concelho Geral;
A
TSS
não tem condições para dirigir o sindicato sem o apoio e / ou a
participação da
TSD ou do MUDAR, pelo que tem que optar se quer uma aliança à
esquerda, como já aconteceu de 1988 a 2000, ou se quer continuar com
a direita e a promover a continuação do descalabro social dos
bancários.
O
MUDAR não tem condições político sindicais para fazer uma aliança
só com a TSD ou conjuntamente com a TSD e a TSS, sob pena de reduzir
o seu campo eleitoral e perder o apoio dos trabalhadores que nunca
compreenderiam que à pala de “comer na mesa do poder” abdicasse
dos princípios que o devem nortear.
O
caminho do MUDAR, para benefício dos trabalhadores bancários, passa
por abdicar, não dos princípios, mas de algumas metas, mesmo que
transitoriamente, como a manutenção na UGT e aceitar a
participação em minoria em
todos ou apenas em alguns dos órgãos do ex-SBSI.
Caso
a participação com a TSS se não verifique pode e deve o MUDAR
participar nas eleições, mas com sigla, programa e candidatos
próprios, pois não se trata já de vencer eleições, mas de
difundir as mensagens que lhe valeram já ter sido a segunda força
político sindical mais votada em eleições no seio do ex-SBSI, o
que não é de somenos quando se pretende estruturar e mudar
mentalidades.
2022-11-12