sábado, 12 de novembro de 2022

ELEIÇÕES NO EX-SBSI - 2023

 


ELEIÇÕES NO EX-SBSI

2023


Nas redes sociais começam a posicionar-se os candidatos aos Corpos Gerentes do ex-SBSI (Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas) com promessas de “mundos e fundos”, mas sem apresentarem qualquer resposta credível às questões que mais importam aos trabalhadores bancários.


PONTO DA SITUAÇÃO ACTUAL

Partidarização

Desde sensivelmente 1976 que as Direcções do ex-SBSI têm sido afectas à TSS (Tendência Sindical Socialista, leia-se PS) em coligação com a TSD (Tendência Social Democrata, leia-se PSD), excepto durante um curto período em que se coligaram com as Listas Unitárias (leia-se PCP). É inegável a forte influência ideológica partidária nas Direcções deste Sindicato que, note-se, não é apanágio do ex-SBSI, mas também de outros sindicatos, nomeadamente dos diversos sindicatos dos bancários.


UGT

Também forte influência partidária se verifica na UGT (União Geral dos Trabalhadores) ao ponto de praticamente desde a criação desta Central Sindical os cargos de Presidente e Secretário Geral terem sido (alegadamente por acordo) da área, respectivamente, da TSS e da TSD.

Devido à elevada sindicalização dos sindicatos dos bancários, mais especificamente do ex-SBSI, as contribuições financeiras para a UGT assentam e muito, nestes sindicatos, pelo que o afastamento da UGT de um destes sindicatos, nomeadamente do ex-SBSI, poderia, seguramente, provocar um desequilíbrio financeiro nesta Central e ainda maiores dificuldades na sua afirmação no mundo do trabalho.


Descrédito

Com as actuações das últimas mais recentes Direcções do SBSI verificou-se um progressivo descrédito que levou, inclusive, a um maior afastamento (que já era muito) dos trabalhadores e de muitos putativos activistas sindicais. É minha convicção que um substancial número de associados do ex-SBSI só se não desvincula por razões de postura político sindical ou devido à eventual perda de benefícios do Fundo Sindical de Assistência.

Este descrédito terá levado também a que os membros das tendências que apoiam a Direcção tenham deliberado adiar as eleições de forma a que uma nova candidatura (da TSS coligada com a TSD) não fosse contaminada e, consequentemente, corresse o risco de perder o acto eleitoral para uma lista que se se apresentasse fora do espectro partidário que apoia a UGT. Se tal se verificasse, o eventual afastamento da UGT parte do ex-SBSI, conduziria a um possível colapso financeiro desta Central.


Mudar os actores para que tudo continue na mesma

A hipótese real da perda do ex-SBSI e possível afastamento da UGT com consequências financeiras e políticas imprevisíveis obriga a mudar as táticas dos dirigentes sindicais e políticos com vista a uma estratégia que leve ao esquecimento dos posicionamentos da anterior e também desta actual Direcção do ex-SBSI. Daí a começarem a posicionar novos actores na cena sindical que, não obstante perfilharem as mesmas políticas defendidas pela TSS e TSD (a que também pertencerão estes novos actores), surgem com posturas de distanciamento dos actuais dirigentes do ex-SBSI e com uma linguagem e roupagem aliciantes, mas pouco credíveis.


SITUAÇÃO FUTURA

Confiança para mudar

É uma utopia, bonita, desejável, mas utopia, supor que a generalidade dos trabalhadores bancários estão politicamente preparados para separar as suas ideologias políticas de uma visão a médio ou a longo prazo dos seus interesses imediatos profissionais.

A realidade demonstra que a maioria quer aquilo a que se chama estabilidade e tem muitas dificuldades em apostar numa mudança que para eles é uma incógnita.

Aqueles que passaram por uma mudança no período a que eu chamo a época de ouro do sindicalismo bancário (1988 a 2000) estão todos (ou quase todos) na situação de reforma. São os reformados cerca de 23 mil e, mesmo assim, podendo mudar este estado de coisas, não exercem o direito de voto para uma mudança substancial da política sindical no ex-SBSI.

Como fazer votar para a mudança os reformados? Como transmitir confiança para a mudança aos do activo?


Victória para mudar só com alianças

Com o afastamento das Listas Unitárias (leia-se PCP) da vida sindical do ex-SBSI, que levou à criação de mais um sindicato, impunha-se não deixar “órfãos” os trabalhadores que não acreditavam nas políticas sindicais definidas pela TSS e TSD. Nasceu o MUDAR.

Nem a TSS, nem a TSD, nem o MUDAR em si só conseguem no ex-SBSI eleger uma Lista candidata. Mesmo que o conseguissem seria quase impossível dirigir o sindicato, pois no Concelho Geral as outras duas tendências não eleitas, seriam uma força que se uniria para obstruir qualquer iniciativa.

A realidade diz-nos que na actualidade só uma lista constituída pela TSS e TSD ou então pela TSS e MUDAR conseguirá ser vitoriosa.


TSS e MUDAR

A experiência demonstra-nos que as Direcções apoiadas pela TSS e TSD não trouxeram ao longo de anos benefícios directos aos trabalhadores bancários. E não me recordo de nenhum benefício indirecto.

Recordo que a aprovação, pela UGT, ao lado do patronato e do governo, da caducidade dos contractos de trabalho, sem que tenha havido (que seja público) qualquer contestação das Direcções do ex-SBSI constituídas pela TSS e TSD, permite que em cada negociação contractual possa ser posto em causa tudo, mesmo tudo o que já tinha sido aprovado em anos anteriores. Na prática é como se se negociasse a partir do zero um novo contracto. Os trabalhadores perderam a garantia aos direitos adquiridos que foram alcançados muitas vezes com enormes sacrifícios e lutas. Só este acontecimento nefasto para os trabalhadores é um exemplo dos males que resultam das alianças entre membros da TSS e da TSD.

Lembro que no curto período em que a Direção do ex-SBSI foi apoiada pela TSS e pelas Listas Unitárias (sem a participação da TSD) os trabalhadores conseguiram mais benefícios e mais direitos, tanto de âmbito sindical como no âmbito da saúde, comparativamente com anos anteriores e posteriores em que o sindicato foi dirigido pela TSS coligada com a TSD. Sem falar no desporto, na cultura e no lazer, que também são ganhos a ter em conta.

Uma opção benéfica e credível, com grandes possibilidades de sair vitoriosa, passa por uma lista constituída pela TSS e pelo MUDAR, com base num programa comum e com sindicalistas maioritariamente escolhidos de entre os trabalhadores no activo.


O que é o MUDAR

O MUDAR é um Movimento de Unidade, Democracia e Acção Reivindicativa que defende “...um sindicalismo de base, participativo, um sindicalismo com princípios...e que sejaIntransigente defensor dos interesses dos Bancários, combatendo todas as políticas que prejudiquem a classe, independentemente do Governo ou dos banqueiros que as queiram implementar”.

Neste movimento, criado a 13 de Janeiro de 2003 têm lugar ...todos os trabalhadores que a ele queiram aderir, sejam eles apartidários ou simpatizantes, filiados e militantes de partidos políticos, criando A envolvência de trabalhadores num processo de participação dinâmica e activa e de unidade reivindicativa na acção.

A existência do MUDAR tem vindo a permitir aos Bancários terem uma alternativa e obrigado as Direcções PS/PSD do ex-SBSI a serem mais contidas nas cedências que fazem ao patronato.


Que acordo para uma aliança TSS / MUDAR

O acordo deve contemplar:

- A distribuição dos órgãos estatutários pelas duas tendências;

- A sigla e o programa de candidatura;

- A acção e Intervenção sindical;

- A integração dos membros da MAG nas reuniões de Direcção e integração nas diferentes actividades em igualdade com os membros da Direcção;

- O Estatuto editorial e direcção do órgão de comunicação do sindicato;

- As condições de referendar matéria não consensual;

- A representação do sindicato em actividades sindicais;

- A posição relativamente às Centrais Sindicais.

Para que o acordo e a aliança seja exequível é óbvio que a manutenção do ex-SBSI na UGT não deve ser posta em causa, sem prejuízo, porém, de a CGTP-IN poder dirigir-se, em actividades sindicais (Congressos, colóquios, etc), aos participantes, bem como os dirigentes da CGTP-IN poderem ser entrevistados para o órgão de Comunicação do sindicato.


CONCLUSÕES

Pelo exposto considero que qualquer tendência sindical no seio do ex-SBSI não tem condições para isolada obter uma vitória eleitoral e, mesmo obtendo-a, para dirigir o sindicato com uma oposição maioritária no Concelho Geral;

A TSS não tem condições para dirigir o sindicato sem o apoio e / ou a participação da TSD ou do MUDAR, pelo que tem que optar se quer uma aliança à esquerda, como já aconteceu de 1988 a 2000, ou se quer continuar com a direita e a promover a continuação do descalabro social dos bancários.

O MUDAR não tem condições político sindicais para fazer uma aliança só com a TSD ou conjuntamente com a TSD e a TSS, sob pena de reduzir o seu campo eleitoral e perder o apoio dos trabalhadores que nunca compreenderiam que à pala de “comer na mesa do poder” abdicasse dos princípios que o devem nortear.

O caminho do MUDAR, para benefício dos trabalhadores bancários, passa por abdicar, não dos princípios, mas de algumas metas, mesmo que transitoriamente, como a manutenção na UGT e aceitar a participação em minoria em todos ou apenas em alguns dos órgãos do ex-SBSI.

Caso a participação com a TSS se não verifique pode e deve o MUDAR participar nas eleições, mas com sigla, programa e candidatos próprios, pois não se trata já de vencer eleições, mas de difundir as mensagens que lhe valeram já ter sido a segunda força político sindical mais votada em eleições no seio do ex-SBSI, o que não é de somenos quando se pretende estruturar e mudar mentalidades.


2022-11-12


3 comentários:

  1. Carlos Manuel Rodrigues Pinheiro.14 de novembro de 2022 às 17:28

    Concordo na generalidade com este documento, aliás bem redigido e que denota seriedade por parte do seu autor. Sem querer ser radical, não perderiamos nada se se entendesse que o SBSI saisse da UGT..eles é que perderiam mas isso seria um problema deles.por outro lado teria que ser feito muito para mobikizar os sócios acomodados no sofá para irem votar no seu próprio interesse. Só mais um pormenor. Algo terá que ser feito já para que os reformados ao abrigo do decreto lei 127/2011 recebam a meia pensão que nos estão a negar. Basta ler-se o decreto para verificarmos que a razão está do nosso lado.

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  2. Uma análise que me parece bastante correta.

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  3. Francisco Pratas Ferreira21 de dezembro de 2022 às 15:09

    Boa tarde, Como bancário e ex empregado do BNU, sócio do Sindicato 5674 concordo com grande parte das ideias aqui transcritas e portanto votarei sempre como até aqui tenho votado.Aliás cheguei a ser Delegado sindical durante 12 anos, sempre eleito por maioria pelos colegas na Agência onde trabalhei e onde exerci o cargo de Imediato e depois sub gerente .

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