quinta-feira, 22 de outubro de 2020

O cheiro do medo

Imagem obtida na página “Empreendedor”



O cheiro do medo


As questões que se colocam no sindicato dos bancários ultrapassam a actual Direcção como ultrapassarão qualquer outra Direcção e mereceriam uma apurada análise por parte do MUDAR (Tendência Sindical no SBSI).


É uma evidência que o Partido Socialista não tem a intenção de alterar as relações de trabalho como vem demonstrando ao recusar sequer alterações parciais nas leis.


Também é uma evidência que o patronato quer manter o poder que adquiriu com as alterações do Código do Trabalho, nomeadamente com a caducidade dos contractos de trabalho, situação que veio debilitar os sindicatos.


A Ministra do Trabalho não se sabe bem por onde anda, e sobre matéria laboral há dificuldades em saber o que pensa (se é que pensa alguma coisa).


As Centrais Sindicais estão politicamente na defensiva para não passar uma mensagem de que podem estar a prejudicar o país com iniciativas reivindicativas em plena pandemia.


Os trabalhadores estão fragilizados, temerosos de que os despedimentos os atinjam, e caminham silenciosos para o “matadouro” do desemprego na esperança que com o silêncio consigam não passar as portas do “matadouro”.


As ruas estão silenciosas. 

O CHEIRO DO MEDO ALASTRA PELO MUNDO LABORAL.


E no MAIS? (Para quem não sabe o MAIS é um sindicato)


No MAIS uma Direcção PS/PSD (o MRPP já tinha sido “corrido”), dirigida por Rui Riso, comete o erro tático de encerrar os SAMS, a razão primeira porque os bancários ainda estão sindicalizados em grande número.


O clamor foi tão grande, mesmo exteriormente ao sindicato, que a Direcção para sobreviver, força a demissão de Presidente de Rui Riso para ver se conseguia apaziguar os associados, inclusive a sua base de apoio que ficou sem argumentos políticos que justificassem as medidas da Direcção. Entretanto as eleições são marcadas para as “calendas gregas” para, alegadamente, criar um distanciamento que esmoreça a revolta. A UGT receia perder o sindicato que é o seu primeiro suporte, inclusive financeiro.


Uma grande acção de camuflagem começa a desenvolver-se.


António Fonseca (o homem – ao que consta e ainda não desmentido – que “fugiu” dos SAMS optando por outro sistema de saúde) é estatutariamente designado como Presidente.


Pouco a pouco os SAMS vão voltando à normalidade possível, o agora “MAIS bancário” (revista cuja propriedade continua a ser do SBSI) dedica 8 páginas ao novo Presidente. Na capa desta revista além da foto do Presidente a frase de pura propaganda que lhe é atribuída: “Seremos novamente um sindicato de proximidade”. A mesma equipe que nada fez para aproximar e mobilizar os bancários vem AGORA dizer que o vai fazer.


Exteriormente ao sindicato a Tendência Sindical Socialista reúne e consagra António Fonseca, por uma maioria esmagadora, como líder, tendo de imediato nas redes sociais manifestações de apoio e exortações para que a unidade em torno do chefe se afirme a bem do sindicato. Há até quem se ofereça para fazer parte da nova (?) Direcção que vier a ser eleita.


Um contestatário, que na rua se opôs à actual Direcção, é objecto de um processo disciplinar (para amedrontar os que ainda se opõem?) e tudo o mais que ainda se não sabe e que certamente irá surgir.


Infelizmente não tenho como garantido que a oposição a esta política de uma Direcção que muda de rumo conforme o sentido do vento venha a ser vencedora numa disputa eleitoral, pois as condições, à partida, são tremendamente diferentes e para pior.


A solução (controversa nalguns sectores) passa por criar pontes com os bancários mais jovens, criar pontes com os ex-dirigentes sindicais, criar pontes com os responsáveis da Tendência Sindical Socialista. Criar pontes em torno de um Programa de Acção aberto a todas as contrapropostas que queiram ser feitas.


A oposição à actual Direcção não conseguirá sem a Tendência Sindical Socialista participar e influenciar as políticas sindicais na banca e nos seguros. Por isso, a necessidade de uma proposta pública, para um Programa Comum, com os seguintes pressupostos, entre outros:


- A permanência na UGT e em que condições;


- As relações com a CGTP-IN;


- As relações com o Sindicato dos Bancários do Norte;


- A política contractual a desenvolver no sindicato e o fim da caducidade dos Contractos de Trabalho através da promoção de acções concertadas entre a UGT e a CGTP-IN;


- O enquadramento dos bancários e dos SAMS no “Mais Sindicato”;


- A recuperação financeira dos SAMS através do eventual pagamento extra de uma quota temporária;


- A revisão dos acordos com outras entidades de saúde;


- Uma política de trabalho para os trabalhadores do SBSI / SAMS.


TEREMOS QUE ENGOLIR ALGUNS SAPOS? Possivelmente, mas o momento é de crise e as políticas sindicais da Tendência Sindical Socialista, conjugadas com os seus aliados “TSDs” são de tal forma (como já se comprovou) graves para os trabalhadores que se pode justificar o sacrifício.