terça-feira, 31 de março de 2020

DEPOIS DA TORMENTA… VEM A APATIA


Imagem obtida no Portal “LinkTour.it”


DEPOIS DA TORMENTA… VEM A APATIA


No dia 20 de Março de 2020 a Direcção do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI) divulgava em 3 linhas que os Serviços de prestação de saúde dos SAMS encerrava.

Três miseras linhas foi o que os bancários, sócios do SBSI, mereceram como justificação para o encerramento dos serviços de saúde e, nesse mesmo texto são empurrados para a AdvanceCare e o Serviço Nacional de Saúde:

Esta deliberação foi antecedida, em 13 de Março, da decisão da Direcção do SBSI de impedir o acesso a todas as unidades de Saúde dos SAMS, privilegiando as consultas médicas via telefone e, só se necessário (e ou urgente) as consultas poderiam vir a ser presenciais.

Muitos trabalhadores dos SAMS/SABSI, muitos sócios do SBSI e alguns sindicatos representativos dos trabalhadores dos SAMS/SBSI, clamaram nas redes sociais e em órgãos de comunicação social contra a enormidade da deliberação que encerrava os serviços de saúde com prejuízo de cerca de 100.000 utentes e colocava os trabalhadores desses serviços em Lay Off.

O clamor foi de tal forma que a Direcção do SBSI se deve ter sentido na necessidade de fazer um comunicado, agora com mais de 3 linhas e que o Presidente da Direcção, sabe-se lá porquê, fez também um comunicado e  desdobrou-se em explicações nas rádios e Televisões.

As Tendências Sindicais que apoiam a actual Direcção do SBSI, bem como os restantes membros dos Corpos Gerentes (Mesa da Assembleia Geral, Conselho Fiscal, Conselho Disciplinar, Conselho Geral) têm-se mantido, tanto quanto me apercebo,  em silêncio, dir-se-à que numa aparente concordância com a deliberação da Direcção e, consequentemente, cúmplice com essa deliberação.

Passados que são mais de 10 dias as reacções foram-se esvanecendo, os órgãos de Comunicação Social voltaram-se para outras notícias de maior impacto, os sócios do SBSI mais activos acomodaram-se e se a maioria dos Sócios acomodada estava, acomodada continuou.

A única Tendência Sindical que se vem pronunciando sobre esta situação REPUGNANTE (palavra histórica!), porque falha de solidariedade, é o MUDAR (Movimento de Unidade, Democracia e Acção Reivindicativa) que continua a emitir, quiçá pouco divulgados) comunicados.

Depois desta tormenta em que a Direcção do SBSI nos envolveu é imprescindível, para que venha a bonança, que os serviços de saúde dos SAMS reabram JÁ, em quase todas, senão todas, as valências. A apatia dos sócios poderá atrasar essa reabertura e por isso impõe-se que nas redes sociais os trabalhadores bancários se façam continuadamente ouvir para que esse clamor continue a chegar aos órgãos de Comunicação Social e, através destes, ao Governo, incomodando e pressionando a Direcção do SBSI.

Abraham Licoln disse: “PECAR PELO SILÊNCIO, QUANDO SE DEVERIA PROTESTAR, TRANSFORMA HOMENS EM COBARDES”

Os cerca de 50.000 bancários não podem pecar pelo silêncio. Ou podem???...



sexta-feira, 27 de março de 2020

COVID-19 - APELO

Imagem obtida no portal do ISCTE




COVID-19 - APELO

(Participação num estudo)


A PRÁXIS (ver AQUI) está a participar na divulgação do lançamento de um estudo cientifico sobre os impactos na sociedade portuguesa da pandemia do COVID-19 que tem o envolvimento do “Colabor – Laboratório Colaborativo para o Trabalho, Emprego e Protecção Social”.

Para tal, é de vital importância assegurar que se obtem um retrato tão fiel quanto possível do efeito que estas medidas estão a ter na vida dos trabalhadores e trabalhadoras. Isso só pode ser conseguido se o máximo de trabalhadoras e de trabalhadores, das várias regiões do país, profissões e setores económicos poderem relatar a sua experiência.

Uma peça fundamental deste estudo é a aplicação de um questionário on-line individual. Neste questionário, é perguntado às pessoas de que forma concreta é que a pandemia e as medidas de política tomadas na sua sequência estão e/ou podem vir a afectar a sua vida. Entre outras, o questionário contém várias questões sobre os efeitos destas medidas nas condições de trabalho, nos rendimentos e nas condições de vida dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Todos se podem sentir seguros ao participar, pois as respostas ao questionário são totalmente anónimas e confidenciais. Igualmente todos podem preencher e divulgar a quem puderem o questionário.

É especialmente importante que sindicalistas, outros activistas e trabalhadores respondam a este questionário, para que seja representativo e para que as respostas não sejam enviesadas e limitadas à comunidade académica e a círculos mais restritos.

Fica aqui o apelo para que cada um considere urgentemente, se concordar com a iniciativa e a sua utilidade política e social, o preenchimento pessoal do questionário (demora alguns minutos), e o convite e a difusão deste na sua esfera de acção laboral, sindical, social e familiar. O prazo é curto (o questionário estará em online apenas até ao início da próxima semana), porque a urgência de conhecer a situação para melhorar a qualidade das políticas públicas também é grande.


Pode aceder ao questionário no seguinte endereço:

Ver AQUI


CoLABOR – Associação Laboratório Colaborativo para o Trabalho, Emprego e Proteção Social
www.colabor.pt geral@colabor.pt | +351 919 811 971
Rua das Taipas, nº1, 1250-264 Lisboa




A PARTE HUMANA DOS SAMS

Imagem obtida no portal de “ACESSA.COM”


A PARTE HUMANA DOS SAMS


Quantos de nós não terão tido ao longo das vidas momentos que nos fazem acreditar que neste mundo há pessoas que se interessam pelo bem estar dos outros?

Neste período que atravessamos e em que somos surpreendidos pela inusitada deliberação da Direcção do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI) de mandar encerrar todos os serviços dos SAMS (Serviços de Assistência Médico Social) durante um mês, sugerindo aos cerca de 100 mil beneficiários que recorressem ao Serviço Nacional de Saúde ou à AdvanceCare caso necessitassem de algum serviço de saúde, há recordar exemplos de momentos bons que nos levem a resistir às atitudes nada dignificantes com que estamos a ser confrontados.

A minha mulher, que tinha sido operada a uma catarata há menos de um mês no Hospital dos Olivais - Lisboa (propriedade dos SAMS/SBSI), recebeu há meia dúzia de dias um telefonema da Drª CC, a médica que a tinha operado.

O teor do telefonema foi, mais ou menos, o seguinte:

CC – Boa tarde. D. Anita?

Anita – Sim. Faz favor de dizer?

CC – Fala CC.

Anita – (silêncio)

CC – Dr.ª CC, dos SAMS.

Anita – Ah!!! Boa tarde. Diga Drª.

CC – Quero saber se está tudo bem. Continua a pôr as gotas?

Anita – Está tudo bem. Vejo perfeitamente, menos ao pé. Quanto às gotas terminam dentro de 15 dias.

CC – E comprou os óculos que a aconselhei?

Anita – Claro. Vejo, ao pé, perfeitamente com eles.

CC – Muito bem. Então se tiver algum problema não hesite em contactar-me. Mas não saia de casa. Telefone.

Anita – Pode ficar descansada… Só saio para fazer comprar e ir à farmácia. E a Dr.ª como é que está?

E a conversa continuou por mais uns minutos.

Fiquei agradavelmente surpreendido com este telefonema, pois nada obrigava esta SENHORA a contactar um doente que estava em fase de recuperação e impedido de se deslocar aos serviços dos SAMS. Não temos qualquer relação de amizade com esta médica, excepto a que decorre das relações médico / doente e exclusivamente nesse âmbito.

Como esta médica seguramente outros haverá (uma maioria?) que indo além da competência técnica da profissão adicionam-lhe o lado humano indispensável a quem está numa situação fragilizada: os doentes.

São estes (e outros) procedimentos mais humanos dos profissionais de saúde dos SAMS que fazem desta NOSSA instituição de saúde um local em que nos sentimos protegidos e que acalenta a nossa fé no nosso semelhante.

Infelizmente há quem tenha uma visão tecnicista dos SAMS e desvaloriza a parte humana e, assim, sem hesitações, manda encerrar os serviços com prejuízo de milhares de utentes.

Por isso, os gestos humanistas de quem não é profissionalmente obrigado a tê-los deve ser evidenciado como exemplos a seguir numa sociedade que se quer cada vez mais solidária.



quarta-feira, 25 de março de 2020

O COMUNICADO DO SBSI


Imagem obtida no portal do SBSI


O COMUNICADO DO SBSI



A Direcção do SBSI (Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas), pressionada pelas circunstâncias, emitiu um comunicado (ver AQUI), agora com mais de 3 linhas.

As linhas de força deste Comunicado são, quanto a mim, quatro

O agradecimento aos médicos;

A cronologia do que aconteceu;

A solução (?) encontrada;

A vitimização.


AGRADECIMENTOS AOS MÉDICOS

Solidarizo-me com este agradecimento, não só aos médicos dos SAMS, mas a todos os profissionais de saúde e aos profissionais administrativos e auxiliares que trabalham no nosso sistema de saúde. Contudo, seria importante que todos nós soubéssemos quem responsabilizar caso não tiverem sido tomadas medidas atempadas que evitassem os contágios, como, por exemplo, o não se ter colocado em quarentena os trabalhadores ou doentes contagiados ou que tivessem estado em contacto com pessoas infectadas.

Se os Directores Clínicos não tomaram medidas atempadas e / ou as não propuseram são eles, médicos, os primeiros responsáveis; se as propuseram e não foram aceites é a Direcção do SBSI a única responsável. E, sobre isto, o comunicado da Direcção do SBSI nada diz, nada esclarece.


A CRONOLOGIA DO QUE ACONTECEU

Não duvido que o que está escrito foi o que aconteceu, mas duvido que tudo o que não aconteceu, mas devia ter acontecido, esteja escrito.

Quando a Direcção Clínica e/ou a Direcção do SBSI tomaram conhecimento que houve pessoas infectadas mandaram colocar essas pessoas em isolamento e afastaram do serviço as pessoas que foram contactadas pelos infectados? Há que informar se esta medida se verificou. Há que proceder a um inquérito para desfazer quaisquer dúvidas ou boatos e responsabilizar quem quer que seja se for caso disso.


A SOLUÇÃO (?) ENCONTRADA

A solução encontrada, já conhecida dos trabalhadores bancários, foi a “interrupção da totalidade da atividade” dos serviços dos SAMS.

Imagine-se o Serviço Nacional de Saúde (SNS) a proceder de igual forma! Qual seria o caos que se geraria no país e como seriam os protestos da população se fosse interrompida a total actividade do SNS. (In)felizmente os bancários são pacificamente civilizados.

Há quem pergunte qual a alternativa NESTA FASE INFECCIOSA dos SAMS? Sem certezas nem convicções e na minha ignorância, considero que o Serviço Nacional de Saúde é um exemplo dos procedimentos que os SAMS podiam ter copiado com as necessárias adaptações.

1 – Manter todos os trabalhadores dos SAMS nos seus postos de trabalho, proporcionando-lhes os meios necessário para se defenderem de um eventual contágio, excepto, obviamente, sem a presença dos que estivessem infectados ou fossem suspeitos de o poderem estar;

2 – Promoverem o atendimento médico telefónico aos beneficiários;

3 – O atendimento presencial seria autorizado aos que após o atendimento telefónico fossem encaminhados pelo médico para os serviços com horário disponível e para os mais próximos da residência do beneficiário ou para as urgências, consoante a gravidade que fosse perceptível;

4 – Os beneficiários suspeitos de estarem infectados com COVID-19 teriam que recorrer ao SNS24.

Outra foi a decisão da Direcção do SBSI. E com essa decisão milhares de bancários, beneficiários dos SAMS, ficaram impedidos de ter acesso em melhores condições à saúde.


A VITIMIZAÇÃO

Tal como previ e já disse, a Direcção termina o comunicado afirmando:

Lamentamos o aproveitamento deste momento particularmente difícil para outros fins que não aquele em que todos, mas mesmo todos, devemos estar focados. Haverá muito tempo para combate político e negociação colectiva

Sobre este trecho claramente político-sindical, afirmei e repito, sem me referir concretamente a quem quer que seja, mas genericamente, o seguinte:

Antes que alguém me venha acusar de estar a procurar tirar dividendos político-sindicais desta situação e que “nesta hora difícil todos devemos estar unidos” esclareço que a unidade na acção contra o COVID 19 não pode permitir que se pactue com quem não toma decisões que se querem atempadas ou que as toma de forma incompetente e em razão das decisões provoque o prejuízo de milhares de pessoas.




NOTA IMPORTANTE

Já depois deste texto de opinião ter sido escrito está-se a constatar, pelo que a Comunicação Social está a divulgar, que as entidades privadas de saúde já se encontram disponíveis para receber, acompanhar e tratar, nas próprias instalações, pessoas infectadas com o COFID-19 sem que tenham que as enviar para o SNS.

Estas entidades privadas adaptaram-se rapidamente às circunstâncias do momento criando condições para prestar todos os cuidados de saúde que devem ser assegurados por uma entidade prestadora de serviços de saúde.


E os SAMS / SBSI?


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A cada dia que passa a história dos SAMS agrava-se…

Lentamente a história vai-se conhecendo e. ao que é dito, a “DECISÃO FOI TOMADA EM CIMA DO JOELHO EM FUNÇÃO DO PÂNICO QUE SE GEROU POR HAVER CASOS DE COVID-19 NO HOSPITAL”.

Aceder à Visão de 26 de Março AQUI


terça-feira, 24 de março de 2020

E AGORA?

Imagem obtida no Portal “Viés”





E AGORA?

Quando questionei no meu artigo de opinião “FECHO DAS URGÊNCIAS EM TRÊS LINHAS?” (ver AQUI) admitia a pouca (ou nenhuma) relevância que o Presidente da Direcção do SBSI (agora chamado MAIS Sindicato) dava aos bancários.

Não fiz na altura um juízo de valor negativo, até admiti que houvesse razões para encerrar TODO o sistema de saúde dos bancários, mas critiquei fortemente a atitude da Direcção do SBSI em dar a informação numas míseras 3 linhas.

Tenho também estranhado o incompreensível silêncio dos votantes e apoiantes dos actuais Corpos Gerentes do SBSI perante uma situação de que progressivamente se vem a ter conhecimento (ver AQUI) das razões que levaram a um desfecho causado, pelo menos, pela inércia de quem tinha a obrigação de tomar medidas imediatas.

(Antes que alguém me venha acusar de estar a procurar tirar dividendos político-sindicais desta situação e que “nesta hora difícil todos devemos estar unidos” esclareço que a unidade na acção contra o COVID 19 não pode permitir que se pactue com quem não toma decisões que se querem atempadas ou que as toma de forma incompetente e em razão das decisões provoque o prejuízo de milhares de pessoas.)

A gravidade da situação, em que todo o sistema de saúde dos bancários é encerrado, com prejuízo para milhares de bancários e respectivas famílias, em que, para já, se sabe que pelo menos 18 pessoas foram infectadas e que uma está gravemente atingida, justifica que um inquérito independente seja exigido por todos os bancários e, sobretudo, por todos os ex-dirigentes desta instituição sindical.

Para Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS),esta atitude teve consequências drásticas, com aumento exponencial do número de profissionais infetados por Covid-19, “alguns deles internados e em risco de vida”. O contágio só aconteceu porque, segundo a organização sindical, a administração dos SAMS insistiu em manter em exercício de funções os profissionais que estiveram em contacto com doentes infetados. Ainda assim, hoje continuavam a trabalhar e foi o sindicato que os informou do lay-off em vigor a partir de amanhã, afirma a sindicalista do Guida da Ponte. e responsabiliza a administração dos SAMS pela sua reprovável atuação, nomeadamente ao nível da omissão das condições de segurança e saúde dos trabalhadores médicos”. (sublinhado meu)

Já Sindicato Independente dos Médicos (SIM) afirma que o SBSI “se aproveitou oportunisticamente da catástrofe que se abateu sobre Portugal e o mundo e do estado de emergência decretado, castigando os seus trabalhadores, arremessando-lhes o 'lay-off”.

Perante as informações que nos vão chegando o Presidente da Direcção do SBSI tem a obrigação de esclarecer se as não medidas que tomou foram feitas à revelia e contrárias ao aconselhamento das Direcções médicas dos SAMS/SBSI ou se foram as Direcções médicas que o aconselharam a não tomar quaisquer medidas preventivas. Porque este esta questão faz toda a diferença no alancar das responsabilidades que devem ser atribuídas.

Termino, por agora, com uma pergunta a TODOS os bancários:

QUE VAMOS FAZER?



sábado, 21 de março de 2020

FECHO DAS URGÊNCIAS EM TRÊS LINHAS?




FECHO DAS URGÊNCIAS EM TRÊS LINHAS?


SAMS - UM PARTO DIFÍCIL

A história da minha vida sindical não é tão importante que mereça ser passada a escrito, contudo é um pretexto para aqui dar a conhecer alguns trechos das vivências que no sindicato a que pertenço desde 1969 se verificaram.

Nesse tempo nem os trabalhadores bancários, nem as instituições bancárias, descontavam para a segurança social, condição necessária para terem acesso aos serviços de saúde que o estado proporcionava, pelo que, para de alguma forma suprir essa falta, alguns bancos tinham rudimentares serviços de apoio na saúde, essencialmente nas grandes cidades, além de contractos com algumas farmácias para proporcionarem descontos. Resumindo: os trabalhadores bancários não tinham nenhum sistema de saúde e as reformas eram asseguradas por cada banco.

Com o 25 de Abril (e a revolução dos cravos) os bancários e o sindicato iniciaram uma luta pela constituição de um serviço de assistência médico social.

A importância da nacionalização da Banca na vida dos trabalhadores bancários (e não só) reflectiu-se, indiscutivelmente, na constituição dos SAMS. Contudo, não se pode dizer que os bancários se acomodassem e disso é prova a ocupação do “Palacete” (ex-instalações dos SAMS na Marquês da Fronteira - Lisboa) por centenas de bancários que ali permaneceram, revezando-se, durante meses, dia e noite, até se consolidar como propriedade legal do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI).



ENTIDADE PRESTADORA DE SERVIÇOS DE SAÚDE

E, assim, os SAMS, foram-se consolidando como uma entidade prestadora de serviços de saúde, suportada pelas comparticipações dos sócios do SBSI e dos Bancos assente nas clausulas do Contracto Colectivo de Trabalho, gerida por um Conselho de Gerência por Delegação da Direcção do Sindicato.

Realço que os SAMS são uma entidade prestadora de serviços de saúde em oposição a uma entidade pagadora de serviços de saúde. Esta substancial diferença é de assinalar pois foi, à época, considerado que caso se optasse por ser uma entidade pagadora de serviços de saúde a terceiros estar-se-ia sempre dependente dos mercados de saúde constituídos por entidades que fazem da saúde um negócio.

Com o passar dos anos os serviços prestados no “Palacete” aos bancários alargaram-se com a implementação de instalações nos arredores de Lisboa e a nível de TODOS os Distritos na área abrangida pelo SBSI (zona sul e ilhas). Contudo, o enorme impulsionamento dos SAMS verificou-se aquando das inaugurações do Hospital dos Olivais (Lisboa), da Casa de Repouso em Azeitão (Setúbal), de inúmeras Delegações de Saúde e das actuais instalações do Centro Clínico de Lisboa.

E o “Palacete”? Estava pensado (e já havia projecto) que iria ser a futura sede social do SBSI, pensamento que ficou pelo caminho e que deixou de ser exequível após ter sido vendido.



A COBIÇA DAS ENTIDADES PRIVADAS

O crescimento deste nosso sistema de saúde terá atraído as atenções dos que negoceiam nesta área. Efectivamente, em 2008, a então Direcção do SBSI avançava com negociações sigilosas para entregar ao Grupo HPP Saúde o controlo operacional do Centro Clínico, dos Postos Periféricos e do Hospital dos SAMS.

Foram os bancários, unidos em torno da tendência sindical MUDAR, que contribuíram para anular esta intenção da Direcção do SBSI, tendo inclusive confrontado esses maus decisores com os dados contabilísticos que provavam a aberração de uma tal intenção:

RUBRICA CONTABILÍSTICA 2006
HPP
SAMS



Imobilizado
9.686.414
31.076.144
Existência
1.473.732
3.096.772
Dívidas de Terceiros C/Prazo
10.880.366
70.850.709
Activo Total
28.882.919
113.428.247
Capitais/Fundos Próprios
16.558.393
46.009.194
Proveitos e Ganhos
53.324.783
155.143.719
Resultados Líquidos
318.360
582.721
Resultados Operacionais
1.471.523
5.953.103

E de novo se questionou: O que queremos dos SAMS? Um prestador de serviços de saúde ou um intermediário na prestação de serviços de saúde feitos por outrem?

Os bancários responderam inequivocamente: Queriam uns SAMS propriedade exclusiva do SBSI e prestador de serviços de saúde.



AS DÚVIDAS NUM PROTOCOLO FICAM SEM RESPOSTA

Algum tempo depois desta intenção os Bancários foram de novo confrontados, sem consulta prévia ou posterior, com a aprovação de um “protocolo com a AdvanceCare que consubstancia o novo Plano de Benefícios, (que) surge para tentar dar resposta a estas dificuldades”, que, ainda segundo Rui Riso, (actual Presidente da Direcção do SBSI) consiste, também, em os beneficiários terem “enorme dificuldade em marcar consultas pois a capacidade do Centro Clínico está esgotada”. Pois…!

E, disse ainda Rui Riso, que “o protocolo não é mais nem menos que o alargamento de uma rede de entidades convencionadas”. Pois, pois, pois...

As dúvidas (que eram muitas) não tenho conhecimento que o Presidente da Direcção do SBSI as tenha desfeito. Dúvidas, que então se punham e que ainda hoje talvez se possam continuar a colocar:

Que serviços de saúde presta a AdvanceCare?

Não será a AdvanceCare um mero intermediário entre o SAMS e os prestadores directos dos serviços de saúde?

Com a introdução de um elemento novo, com fins lucrativos, entre o SAMS e os prestadores de serviços de saúde, não estamos a encarecer o produto/serviços que o SAMS/beneficiários pagam?

Não será este protocolo um sinal claro da incapacidade de gestão da equipa dos SAMS?

O SAMS com o prestígio que tem, com o número de beneficiários que abrange, com a estrutura hospitalar que incorpora, com orçamento que gere não consegue ter uma capacidade negocial superior à AdvanceCare? Nem na sua área de influência (Sul e Ilhas)?

O SAMS, ao encaminhar, cegamente, para a AdvanceCare toda a sua “base de beneficiários” não está a correr, com alguma leviandade, o risco de desertificação interna?

Que garantias o SAMS exige para preservar a sua individualidade e os objectivos específicos que prossegue?

Que cláusulas de salvaguarda dos interesses do SAMS existem no Protocolo, que permitam o eventual “emendar a mão” se o mesmo se mostrar ruinoso na sua aplicação prática?

Esta “abertura” foi início de muitas outras sem que os sócios do SBSI fossem devidamente esclarecidos das vantagens que daí advinham para o seu serviço de saúde.

DOIS EXEMPLOS E UMA DÚVIDA:

- As análises clínicas eram feitas em laboratório propriedade dos SAMS; o laboratório foi encerrado e contratualizada uma empresa para o efeito. Cai parcialmente o princípio de os SAMS serem uma instituição prestadora de serviços directos.

- O Hospital deixou de fazer partos e foram transferidos para uma outra instituição "protocolarizada". Desde a inauguração do Hospital que se sabia que manter o mínimo necessário de cinco equipes de profissionais dedicados a fazer partos (24 sobre 24 horas nos 365 dias do ano) e também acompanhar os nascituros, constituía uma despesa sem retorno total, não obstante, ter sido um custo político assumido no pressuposto que os SAMS eram uma instituição prestadora de serviços directos.

- Os beneficiários dos SAMS (sócios do SBSI) ficam surpreendidos ao saberem (?) que há utentes dos nossos serviços de saúde (não sócios do SBSI) que alegadamente pagam valores inferiores pelos serviços prestados relativamente a idênticos serviços pagos pelos beneficiários. Esta é uma situação que, a existir, em si mesma me não preocupa. A minha preocupação e dúvida é outra.

A um serviço específico (uma consulta, por exemplo) é atribuído (também a título de exemplo) um valor de 10K (Código de Nomenclatura e Valor Relativo de Actos Médicos.) que poderá ser o montante que os SAMS receberão directa ou indirectamente e que representa o custo real do serviço. Se um beneficiário (sócio do SBSI) pagar directamente 7K pelo serviço pressupõe-se que os 3K em falta são pagos através dos descontos que mensalmente este beneficiário faz (quer utilize ou não o serviço). Se, no entanto, um utente (não sócio do SBSI) só pagar, por exemplo, 3K (menos, portanto, que o beneficiário sócio do SBSI paga directamente) os SAMS estarão a ser prejudicados em 7K (pois o total da consulta são 10K), excepto se os serviços de saúde ou a seguradora a que este utente pertencer pague os ditos 7K em falta. (NOTA: Para uma melhor compreensão substitua K por € )

Gostaria, pois, de ver esta dúvida esclarecida de forma simples. Nada tenho contra um utente dos SAMS (não sócio do SBSI) pagar um valor inferior ao que eu pago por um mesmo serviço desde que os SAMS, no final, recebam o total que esse serviço custa. Se assim não for, nós, sócios do SBSI, estamos a contribuir para os lucros das empresas de saúde com que os SAMS tenham protocolos. Estamos a apoiar a concorrência. Também aqui a Direcção tem que confirmar ou negar estes pressupostos e, sobretudo, esclarecer os sócios do SBSI



TRÊS LINHAS PARA JUSTIFICAR O FECHO DAS URGÊNCIAS

Apesar de tudo, incluindo o não muito bom relacionamento do actual SBSI com os seus trabalhadores e os dos SAMS, os sócios do SBSI tinham a percepção que o seu serviço de saúde era um oásis no panorama da saúde em Portugal. Mesmo com as dificuldades que sentiam quando pretendiam marcar consultas ou exames. Mas, a Direcção do SBSI / Conselho de Gerência dos SAMS trouxe para cima da mesa uma desconfiança quiçá insanável.

Em 13 de Março passado recebi, como muitos outros beneficiários dos SAMS, uma comunicação que essencialmente impede o acesso a todas as unidades de Saúde dos SAMS e que privilegia as consultas com médicos via telefone e, só se necessário (e ou urgente) as consultas poderiam vir a ser presenciais. Além de outras medidas que será fastidioso e menos importante realçar.

Esta medida, que me não agradou, também não era radical. Pensei, na altura, que o SNS tem demonstrado ter capacidade para continuar a consultar presencialmente doentes, sendo, no entanto, aconselhados a contactarem, primeiro, a linha SNS24. Seria lógico supor que os SAMS tivessem uma maior amplitude de acção que o SNS, considerando que se dirigem a uma população numericamente inferior àquela que o SNS abrange. Tudo nos leva a deduzir que assim não acontece. Porquê?!

E, eis que ontem, dia 20 de Março, recebi mais uma comunicação dos SAMS, com uma justificação alinhavada numas três linhas:

Suspensão da urgência do Hospital dos Olivais

Tendo em conta a situação de surto da COVID-19 a DGS recomendou a suspensão da urgência do Hospital dos Olivais de forma a concentrar todos os esforços no tratamento dos doentes internados.

Recomendamos aos nossos Beneficiários que se dirijam a outros Serviços de Urgência

Entretanto, chegou ao meu conhecimento que alguns beneficiários dos SAMS estão a receber comunicações anulando consultas e outros actos médicos, não só para os meses de Abril e Maio, mas, inclusive (!) para Setembro.

Não questiono (porque não tenho dados para o fazer) da necessidade de se ter encerrado na prática todos os serviços de prestação de saúde dos SAMS, incluindo as urgências. Evidentemente que me sinto um pouco incrédulo por um hospital encerrar as urgências devido, segundo a comunicação, a um surto epidémico. Todos os médicos que fazem urgências foram contagiados? E se todos os hospitais fizessem o mesmo?

Por tudo isto entendo que o Presidente da Direcção do nosso sindicato tem o dever (para não dizer a obrigação) de, pelo menos, informar, de forma aprofundada e pormenorizada, as razões que justificam plenamente o encerramento das urgências. Os trabalhadores bancários, sócios do SBSI, merecem mais do que uma explicação (?) dada em apenas duas ou três linhas.

Se o SAMS/SBSI está doente… os bancários têm o direito de obter esclarecimentos e respostas. A Direcção tem a obrigação de esclarecer e responder.


E, permitam-me, à laia de desabafo: ...felizmente ainda temos (espero que por muitos anos) o Serviço Nacional de saúde!