sexta-feira, 16 de julho de 2021

HOMENAGEM... José Luís Gonçalves


 

GONÇALVES – O sindicalista das ilhas


Este é um título que pode levar a supor que a vida de um homem se pode enquadrar apenas numa única característica. Esqueçam o título. O Gonçalves foi mais que sindicalista. Se os que com ele privaram (mais do que eu) forem falando dos vários aspectos da sua vida seguramente que o Gonçalves se revelará como um todo em que o sindicalismo foi uma parte importante da sua vida, mas que em si mesmo, o não define.

É difícil precisar a data em que conheci o Gonçalves. Mas, já lá vão muitos anos. E muitos anos também vão desde que estive com ele. Neste momento, em que tento escrever algumas palavras que o definam só me vem à memória a forma afável como recebia os “continentais” que se deslocavam à sua ilha. E as muitas histórias que nos contava sobre a sua terra e sobre ele mesmo.

Um dia levou-nos (a mim e a outros membros da Direcção do SBSI) a comer uns peixes fritos característicos de uma zona da Madeira em que prevaleciam as pessoas com cabelos louros e olhos azuis. E a propósito contava-nos, rindo, histórias de Vikings e o contributo que deram para que a população ficasse loura e de olhos azuis. E fazia-o de tal forma que os louros e de olhos azuis se não sentiriam melindrados.

E muitas outras histórias (algumas muito pessoais) que aqui não divulgo porque fazê-lo seria ultrapassar um limite em que não me foi dada autorização para o quebrar. Mas, são histórias verdadeiras, vividas, que só valorizam o seu carácter.

Não menos importantes foram os seus esclarecimentos sobre a política local, a influência da igreja no condicionamento das mentalidades, o difícil enquadramento de um militante político de esquerda na região e o também a difícil readaptação social quando teve que regressar à Madeira depois de um longo período no continente.

As lutas sindicais e partidárias que travou terão contribuído para desenvolver ainda mais o espírito solidário que era parte integrante dele.

Com ele aprendi como era diferente o sindicalismo na Madeira comparativamente com o sindicalismo no continente. E o Gonçalves conseguiu, não obstante essa diferença, que os valores sindicais na ilha e no continente, não fossem divergentes, mas complementares.

Tenho pena de estar longe e não poder prestar-lhe uma última homenagem. Contudo, estas minhas poucas palavras, escritas com o coração, são, nas circunstâncias, a manifestação do desejo de manter viva a memória do Gonçalves. Porque (perdoem-me o lugar comum) ninguém verdadeiramente morre enquanto for falado e recordado.

Estou triste...



quarta-feira, 14 de julho de 2021

O ARRAIAL


O ARRAIAL


Eram 16 horas e 30 minutos do dia 13 de Julho de 2021 quando, vindo do lado da calçada da estrela, comecei a ouvir a música de António Variações, o som dos bombos e, logo de seguida, vejo uma muito pequena multidão (200, 400 pessoas), uns “gigantones” passeando-se pelo meio das pessoas, um indivíduo que sobressaía acima das cabeças por estar sobre umas andas, muitos balões, uma camionete com uma aparelhagem sonora em cima, bandeiras, cartazes e muitas gente envergando camisolas de cores distintas com textos diversos.

Um autêntico arraial popular instalado frente a Assembleia da República e protegido pela PSP que bloqueava o acesso àquele espaço. Só faltavam as barracas das “farturas” e outras que nos habituamos a ver nas feiras.

Estaria enganado?! Seria ali o local que 7 sindicatos dos bancários tinha convocado para uma MANIFESTAÇÃO DE PROTESTO?

A primeira impressão foi má, pois mais me parecia estar perante uma festa de convívio de uma “meia dúzia” de bancários.

A diminuta participação de bancários era manifesta perante a importância do que estava em causa: DESPEDIMENTOS! Essa noção, esse desfazamento, era de tal forma interiorizado que os dirigentes sindicais davam os seus comentários à Comunicação Social (televisões) rodeados de grupos para que as imagens (alegadamente) escondessem a diminuta participação. Diminuta face aos mais de 60.000 (?) bancários que existem a nível nacional e aos milhares de despedimentos que se preveem. Mesmo considerando que a manifestação decorria em Lisboa, onde trabalham alguns milhares, eram muito poucos os bancários que tinham aderido ao apelo dos dirigentes sindicais.

Menos que uma hora depois começaram as intervenções dos dirigentes sindicais representantes dos 7 sindicatos responsáveis pela convocação da manifestação. Desisti de os ouvir. À noite, nos telejornais, iria ouvir uma súmula do que iriam dizer.

O mais importante, a demonstração de unidade e solidariedade, de protesto, para que os banqueiros se apercebessem e arrepiassem caminho, não era conseguido. Os bancários não tinham correspondido aos apelos dos dirigentes sindicais. PORQUÊ?

PORQUÊ, é a pergunta que aqui deixo. 

segunda-feira, 12 de julho de 2021

Eu vou lá estar! E tu?

 


Eu vou lá estar! E tu?


É de realçar e aplaudir a unidade na acção de todos os sindicatos bancários ao convocarem uma Manifestação para 13 de Julho.

1 – Seria desejável que houvesse por parte das estruturas sindicais, com membros a tempo inteiro, uma dinamização junto dos associados;

2 – Seria desejável que todos os membros das estruturas sindicais, a nível nacional, se deslocassem à manifestação;

3 – Seria desejável que houvesse conhecimento prévio de algumas palavras de ordem que transmitissem o desagrado dos trabalhadores bancários;

4 – Seria desejável que no MAIS Bancário, a revista do meu Sindicato, houvesse pelo menos uma chamada de atenção para a Manifestação ou que o editorial apelasse à mobilização;

5 – Seria desejável que em todos os serviços do meu Sindicato (SAMS incluído) houvesse comunicados escritos apelando à mobilização;

6 – Seria desejável que os membros do Secretariado Sindical de Reformados do meu Sindicato se deslocasse aos diferentes postos clínicos dos SAMS e distribuísse um pequeno comunicado;

7 – Seria desejável… tanta coisa!


Receio que esta Manifestação possa vir a ser um fracasso e em muito devido à pouca ou nenhuma mobilização promovida pela Direcção e estruturas sindicais do meu sindicato, que sendo o maior também o deveria ser na mobilização que tem obrigação de fazer.


OS BANCÁRIOS REFORMADOS

TÊM A OBRIGAÇÃO DE ESTAR PRESENTES


A solidariedade tem dois sentidos. Demonstrar solidariedade com os trabalhadores do activo que estão ameaçados de desemprego para que tenhamos (os reformados), quando necessário, a solidariedade dos trabalhadores do activo.


EU VOU LÁ ESTAR!

E TU?