quarta-feira, 29 de julho de 2020

RUI RISO DEMITIU-SE. E AGORA?

Imagem obtida em “Contabéis”




RUI RISO DEMITIU-SE. E AGORA?


A demissão de Rui Riso, Presidente da Direcção do Sindicato dos Bancários, está a ser divulgada no “Expresso” (ver AQUI) sem, contudo, ser confirmada na página oficial do Sindicato.

A conclusão imediata a que se pode chegar é que Rui Riso não resistiu às múltiplas pressões que sofreu pelo inopinado encerramento dos SAMS (Serviços de Saúde dos Bancários) cuja responsabilidade, tanto interna como externamente lhe é imputada. Mas, não creio que tenham sido fundamentalmente as pressões dos bancários que levaram à demissão de Rui Riso.

De realçar que não se conhece qualquer oposição ou crítica sobre o encerramento dos SAMS ao nível dos Corpos Gerentes do Sindicato, nomeadamente da Direcção a que Rui Riso presidia, bem como do órgão deliberativo Conselho Geral.

O que se sabe é que em breve iriam ter lugares para os órgãos directivos do MAIS SINDICATO, o sindicato que substitui o SBSI, pelo que não será despiciente supor que ao nível da Tendência Sindical Socialista (e não só) um previsível desastre eleitoral num dos maiores (também em termos financeiros) sindicatos do país e sustentáculo da UGT era motivo de preocupação. Preocupação que abrangerá a UGT e o próprio Partido Socialista.

Um risco político que dirigentes da UGT e do PS não quereriam correr seria hipótese de franjas do sector laboral do PS, mais conotadas à esquerda, encetarem diligências para romperem com o “centrão” nos Bancários, a exemplo do que já no passado se verificara e virem a promover uma lista que afastasse a Tendência Social Democrata. A solução, para muitos, passava pela demissão de Rui Riso.

Em 9 de Julho passado afirmei:

Há que criar pontes com os bancários mais jovens, há que criar pontes com os ex-dirigentes sindicais, há que criar pontes com os responsáveis da Tendência Sindical Socialista. Criar pontes em torno de um Programa de Acção aberto a todas as contrapropostas que queiram ser feitas.

Na verdade a demissão de Rui Riso não conduzirá por si só a uma vitória dos sindicalistas que se opõem às políticas de Rui Riso e da Direcção a que presidia. Afastar Rui Riso e manter os restantes membros da Direcção seria incompreensível. Assim como será incompreensível não criar condições para alterar as políticas sindicais e de saúde actuais.

Mas a oposição actual não conseguirá sem a Tendência Sindical Socialista participar e influenciar as políticas sindicais na banca e nos seguros. Por isso a necessidade de uma proposta pública, para um Programa Comum, com os seguintes pressupostos, entre outros:

- A permanência na UGT e em que condições;

- As relações com a CGTP-IN;

- As relações com o Sindicato dos Bancários do Norte;

- A política contractual a desenvolver no sindicato e o fim da caducidade dos Contractos de Trabalho através da promoção de acções concertadas entre a UGT e a CGTP-IN;

- O enquadramento dos bancários e dos SAMS no “Mais Sindicato”;

- A recuperação financeira dos SAMS através do eventual pagamento extra de uma quota temporária;

- A revisão dos acordos com outras entidades de saúde;

- Uma política de trabalho para os trabalhadores do SBSI / SAMS.

Alguns activistas sindicais já se começam a colocar na linha de partida para as candidaturas sindicais o que é legítimo. Contudo, há que exortar TODOS os trabalhadores bancários que se não revejam na política e nas medidas sindicais praticadas por esta Direcção e apoiadas pela maioria dos membros do Conselho Geral do SBSI, que se devem disponibilizar para colaborar nas próximas eleições.

Recordo, no entanto, que os bancários reformados muito pouco ou nada têm a perder. Por isso, este apelo à disponibilidade deve ser mais forte entre os bancários que estejam no activo. Se imaginam (os trabalhadores no activo) que o facto de não darem a cara na defesa dos direitos colectivos os irá beneficiar nas carreiras profissionais… desenganem-se.


NOTA: Seja a demissão de Rui Riso da Presidência da Direcção ou da própria Direcção as diferenças são jurídicas, pois, politicamente, é o reconhecimento público dos profundos erros cometidos com a concordância da Direcção a que presidiu






quinta-feira, 9 de julho de 2020

SE PASSA NA TV É PORQUE EXISTE







SE PASSA NA TV É PORQUE EXISTE


O encerramento dos SAMS (Serviços de Assistência Médico Sociais do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas), às ordens do Presidente da Direcção do SBSI (Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas), sem oposição conhecida dos restantes membros da Direcção e à pala de se terem infectado pelo COVID-19 alguns profissionais e utentes do Hospital, como razão suficiente para o encerramento, continua a ser notícia na Comunicação Social e a indignar os trabalhadores bancários utentes deste serviço de saúde.

O mais grave, ainda, terá sido o encerramento se ter verificado logo no início da pandemia, quando os estabelecimentos do SNS (Serviço Nacional de Saúde) começavam a ter algumas dificuldades em responder ao afluxo de doentes e, também devido ao encerramento dos SAMS, ficaram na contingência de eventualmente ter que responder às necessidades de mais cerca de 100 mil potenciais utentes.

Neste espaço virtual os menos atentos e para uma melhor compreensão do que se passou, podem aceder AQUI aos diferentes momentos desta trágica odisseia.


INVESTIGAÇÃO SIC

Quis a comunicação televisiva trazer ao conhecimento público através do programa “Investigação SIC” (ver AQUI) a reconstituição do que se passou e das razões que terão justificado o encerramento.


Da “Investigação SIC” extraem-se as seguintes conclusões objectivas:

- A Direcção Geral de Saúde nunca mandou encerrar a totalidade dos SAMS como inicialmente a Direcção do SBSI quis dar a entender;

- Cerca de 100 mil utentes dos SAMS foram “despejados” dos SAMS e enviados para o SNS que já se encontrava com dificuldades de responder aos seus habituais utentes;

- Utentes dos SAMS, activistas sindicais, ex-dirigentes sindicais, responsáveis do Secretariado Sindical de Reformados do SBSI, dirigentes da Tendência Sindical MUDAR do SBSI, uma médica dos SAMS, o Presidente do Sindicato Independente dos Médicos, Deputados, um dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, um dirigente da Federação Nacional dos Médicos e o ex-Ministro da Saúde e ex-responsável dos SAMS expressaram, com diferentes tonalidades, a discordância com a decisão de encerrar os SAMS;

- Além do Presidente do SBSI não se ouviu ninguém a justificar positivamente o encerramento total dos SAMS;

- Os SAMS têm vindo desde pelo menos 2018 a ter prejuízos e em 2019 os prejuízos negativos foram de mais de 6 milhões de euros, não obstante o valor orçamentado para esse período tivesse sido de 4 milhões positivos;

- Imediatamente após o encerramento dos SAMS os trabalhadores foram obrigados a entrar em layoff por um período de 2 meses que, posteriormente, foi antecipado para 1 mês.


E AGORA? QUE QUEREM E VÃO OS SÓCIOS DO SBSI FAZER?

Para que se reflicta bem na gravidade do momento, não só ao nível sindical, mas especialmente ao nível da saúde, recordo que os SAMS vêm tendo sucessivos anos de prejuízo. E até há quem pressuponha que está em causa a intenção de vender os SAMS.

Todos sabemos que uma das formas de apressar uma venda é criar condições deficitárias numa empresa (SAMS com 4 milhões de prejuízo em 2019), conduzi-la quase que à insolvência e, depois, não havendo já outras soluções, vendê-la. Duvido que seja este o objectivo. Contudo, gostaria de saber qual é o enquadramento dos SAMS no “MAIS Sindicato”, pois que dele vão fazer parte trabalhadores de outros ramos de actividade, trabalhadores que não são bancários.


A REALIDADE É DURA, MAS NÃO HÁ QUE ESCAMOTEÁ-LA.

- A maioria dos activistas sindicais estão velhos, reformados ou a caminho da reforma e poucos, muito poucos, são os jovens bancários que participam nas actividades sindicais. Nem mesmo as actividades lúdicas, culturais ou desportivas conseguem ser aliciantes para estabelecer uma passagem para o activismo na política sindical de defesa dos interesses colectivos.

- A tendência Sindical MUDAR que era a segunda maior força político sindical no SBSI perdeu votos para a abstenção, designadamente a partir do momento em que há alguns anos, inexplicavelmente, se candidatou em aliança com activistas de outras perspectivas sindicais e, inclusive, abdicou de se apresentar com a sua sigla. Os eleitores, muitos dos quais votavam nas extintas Listas Unitárias e reconheceram no MUDAR a continuação de uma política sindical que lhes agradava, não compreenderam a estratégia e afastaram-se.

- Nenhuma tendência sindical no seio do SBSI tem capacidade organizativa e eleitoral para, sozinha, garantir não só a vitória eleitoral da candidatura de uma Direcção como, posteriormente, assegurar através dos membros eleitos para o Conselho Geral o necessário apoio às política sindicais. A unidade na proposta de uma Candidatura é, pois, imprescindível para o êxito eleitoral, conjugado (sem o que não haverá candidatura comum) com o aceitar a permanência na UGT. Foi, aliás, o que acordaram as Listas Unitárias e a Tendência Sindical Socialista quando se uniram no apoio a uma Direcção durante 3 mandatos e de que resultaram benefícios para os trabalhadores bancários.

Esta é a realidade com que nos confrontamos e que há que resolver se pretendermos:

a) Afastar de futuras Direcções os actuais membros;

b) Alterar a composição política das últimas Direcções do SBSI que em termos sindicais não trouxeram quaisquer benefícios aos bancários e em termos de saúde, além do que é visivelmente mau, estão a conduzir o nosso sistema de saúde a prejuízos incompreensíveis.

c) Encontrar uma Direcção que volte a dar aos trabalhadores bancários a dignidade, os direitos e as regalias que estão a perder.


SÓ O PRESIDENTE DA DIRECÇÃO É RESPONSÁVEL?

Não será, no caso concreto em análise, com manifestações de 50 e 30 pessoas, que os objectivos atrás enunciados serão alcançados. Manifestações a que o Presidente da Direcção do SBSI na “Investigação SIC”, se referiu, face ao número de presenças, de forma depreciativa. Não basta nas redes sociais clamarmos pelo afastamento do Presidente da Direcção se não lutarmos pela demissão de toda uma Direcção e pela substituição dos membros do Conselho Geral, para que este justo desejo se concretize.

Quem coloca a culpa de toda esta má gestão exclusivamente na figura do Presidente da Direcção do SBSI, esquecendo os restantes membros da Direcção e do Conselho Geral, está a ser redutor. Há que saber quem são os que não podem vir a ser de novo eleitos. Diz-se (quem diz?) que eles (os restantes membros da Direcção e do Conselho Geral) fazem o que o Presidente da Direcção quer, pois que os “compra”. A ser verdade ainda a culpabilização é maior. Na realidade todos os que apoiam (pelo silêncio ou não) estas políticas e medidas que o Presidente da Direcção tomou são igualmente coo-responsáveis e merecem forte crítica pública.


CRIAR PONTES, APRESENTAR UM PROGRAMA

Também não basta nas redes sociais darmos umas “palmadinhas nas costas” aos que na entrevista da “Investigação SIC” assumiram as suas responsabilidades enquanto cidadãos e sindicalistas. O mais importante (digo-o sem desprimor por ninguém) é, como diz um conhecido sindicalista e meu amigo, criar pontes.

Há que criar pontes com os bancários mais jovens, há que criar pontes com os ex-dirigentes sindicais, há que criar pontes com os responsáveis da Tendência Sindical Socialista. Criar pontes em torno de um Programa de Acção aberto a todas as contrapropostas que queiram ser feitas.

Um Programa em que seja equacionado:

- A permanência na UGT e em que condições;

- As relações com a CGTP-IN;

- As relações com o Sindicato dos Bancários do Norte;

- A política contractual a desenvolver no sindicato e o fim da caducidade dos Contractos de Trabalho através da promoção de acções concertadas entre a UGT e a CGTP-IN;

- O enquadramento dos bancários e dos SAMS no “Mais Sindicato”;

- A recuperação financeira dos SAMS através do eventual pagamento extra de uma quota temporária;

- A revisão dos acordos com outras entidades de saúde;

- Uma política de trabalho para os trabalhadores do SBSI / SAMS.


SINDICALISMO DE REFORMADOS? NÃO, NÃO E NÃO!

Estamos a atravessar um período no SBSI em que todos os trabalhadores bancários que se não revejam na política e nas medidas sindicais praticadas por esta Direcção e apoiadas pela maioria dos membros do Conselho Geral do SBSI, se devem disponibilizar para colaborarem.

Recordo que os bancários reformados muito pouco ou nada têm a perder. Por isso, este apelo à disponibilidade deve ser mais forte entre os bancários que estejam no activo. Se imaginam (os trabalhadores no activo) que o facto de não darem a cara na defesa dos direitos colectivos os irá beneficiar nas carreiras profissionais… desenganem-se.

Os bancários no futuro terão o futuro que hoje colectivamente construírem.