quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

À BEIRA DE UMA GUERRA NUCLEAR (Pela segunda vez)

 



À BEIRA DE UMA GUERRA NUCLEAR

(Pela segunda vez)


Acima de tudo, enquanto defendemos nossos próprios interesses vitais, as potências nucleares devem evitar os confrontos que levam o adversário a escolher entre uma retirada humilhante ou uma guerra nuclear. Adotar esse movimento na era nuclear evidencia apenas a falência de nossa política – ou o desejo coletivo de morte para o mundo

(John F. Kennedy – Presidente dos USA)


Estas palavras do Presidente dos Estados Unidos da América são, hoje, mais clarividentes do que então. E ele sabia do que estava a falar, pois esteve à beira de dar início a uma guerra nuclear ao exigir que a Rússia, então parte da União Soviética, retirasse os misseis nucleares que estavam prestes a ser instalados em Cuba.


Também na altura se poderia colocar a questão de os Estados Unidos terem o direito de intervirem num estado soberano como era Cuba. Contudo, para Kennedy essa questão não se colocava, pois misseis colocados a menos de 5 minutos de Washington DC era impensável pois comprometia gravemente a segurança existencial da Federação Americana.


A União Soviética recuou e foram firmados vários acordos, nomeadamente o de não agressão contra Cuba por parte dos Estados Unidos.


Há quem veja nesta reação dos Estados Unidos semelhanças com a reação da Federação Russa relativamente ao que hoje se passa na Ucrânia, acrescido do facto de nos territórios em que a guerra se trava a população ser esmagadoramente Russa ou de origem Russa.


No momento em que escrevo estas linhas o Presidente Russo discursa e ameaça com o uso de armas nucleares acopladas em misseis balísticos supersónicos contra os quais nem os Estados Unidos nem a Europa têm capacidade de os destruir antes de atingirem os alvos.


já em 2003 um artigo artigo publicado na primeira página do “New York Times”, assinado por quinze especialistas em segurança, reunidos pela “Eisenhower Media network” abordava esta questão e terminava apelando:


VAMOS FAZER DA AMÉRICA UMA FORÇA PARA A PAZ NO MUNDO


Nem que seja pela força, digo eu




A Guerra Rússia-Ucrânia é um desastre absoluto


TEXTO COPIADO DO FACEBOOK DE JORGE FAEL

(Ver AQUI)

24 DE MAIO DE 2023

Por VÁRIOS AUTORES*


ARTIGO PUBLICADO NA PRIMEIRA PÁGINA DO “NEW YORK TIMES”, ASSINADO POR QUINZE ESPECIALISTAS EM SEGURANÇA REUNIDOS PELA “EISENHOWER MEDIA NETWORK”


A Guerra Rússia-Ucrânia é um desastre absoluto. Centenas de milhares de pessoas foram mortos ou feridos. Milhões foram deslocadas. A destruição ambiental e econômica tem sido incalculável. A devastação futura pode ser ainda maior à medida que as potências nucleares se aproximam cada vez mais da guerra aberta.


Lamentamos a violência, os crimes de guerra, os ataques indiscriminados com mísseis, o terrorismo e outras atrocidades que fazem parte desta guerra. A solução para essa violência chocante não é mais armas ou mais guerra, com a garantia de mais mortes e destruição.


Como americanos e especialistas em segurança nacional, instamos o presidente Joe Biden e o Congresso a usar de seus poderes para encerrar a Guerra Rússia-Ucrânia rapidamente, por meio da diplomacia, principalmente por conta dos graves perigos de uma escalada militar que pode sair do controle.


Sessenta anos atrás, o presidente John F. Kennedy fez uma observação que é crucial para a nossa sobrevivência hoje: “Acima de tudo, enquanto defendemos nossos próprios interesses vitais, as potências nucleares devem evitar os confrontos que levam o adversário a escolher entre uma retirada humilhante ou uma guerra nuclear. Adotar esse movimento na era nuclear evidencia apenas a falência de nossa política – ou o desejo coletivo de morte para o mundo”.


A causa imediata desta guerra desastrosa na Ucrânia é a invasão da Rússia. No entanto, os planos e ações para expandir a OTAN para as fronteiras da Rússia serviram para provocar os temores russos. Os líderes russos defenderam esse ponto por 30 anos. Uma falha na diplomacia levou à guerra. Agora a diplomacia é urgentemente necessária para acabar com a Guerra Rússia-Ucrânia antes que ela destrua a Ucrânia e coloque a humanidade em perigo.


O POTENCIAL PARA A PAZ


A atual ansiedade geopolítica da Rússia é informada pelas memórias das invasões de Carlos XII, Napoleão, Kaiser e Hitler. As tropas dos EUA participaram da força de invasão aliada que interveio sem sucesso contra o lado vencedor na guerra civil na Rússia logo após a Primeira Guerra Mundial. A Rússia vê o alargamento e a presença da OTAN nas suas fronteiras como uma ameaça direta; os EUA e a OTAN consideram que se trata apenas de uma preparação prudente. Na diplomacia, deve-se procurar ver com empatia estratégica, buscando compreender os adversários. Isso não é fraqueza: é sabedoria.


Rejeitamos a ideia de que os diplomatas, em busca da paz, devam escolher um lado, neste caso, a Rússia ou a Ucrânia. Ao favorecer a diplomacia, escolhemos o lado da sanidade. Da humanidade. Da paz.


Consideramos a promessa do presidente Joe Biden de apoiar a Ucrânia “pelo tempo que for necessário” uma licença para perseguir objetivos mal definidos e, em última análise, inatingíveis. Pode ser tão catastrófico quanto foi a decisão do presidente Vladimir Putin no ano passado de lançar essa invasão e ocupação criminosas. Não podemos e não iremos endossar a estratégia de lutar contra a Rússia até o último ucraniano.


Defendemos um compromisso significativo e genuíno com a diplomacia, especificamente um cessar-fogo imediato e negociações sem quaisquer pré-condições desqualificantes ou proibitivas. Provocações deliberadas resultaram na Guerra Rússia-Ucrânia. Da mesma forma, a diplomacia pode acabar com isso.


AÇÕES DOS EUA E INVASÃO DA UCRÂNIA PELA RÚSSIA


Com o colapso da União Soviética e o fim da Guerra Fria, os líderes dos Estados Unidos e da Europa Ocidental garantiram aos líderes soviéticos e russos que a OTAN não se expandiria em direção às fronteiras da Rússia. “Não haveria extensão da OTAN uma polegada a leste”, disse o secretário de Estado dos EUA, James Baker, ao líder soviético Mikhail Gorbachev em 9 de fevereiro de 1990. Garantias semelhantes de outros líderes dos EUA, bem como de líderes britânicos, alemães e franceses foram dadas na década de 1990.


Desde 2007, a Rússia advertiu repetidamente que a presença das forças armadas da OTAN nas fronteiras russas era intolerável – assim como as forças russas no México ou no Canadá seriam intoleráveis para os EUA agora, ou como foram os mísseis soviéticos em Cuba em 1962. A Rússia destacou ainda que a expansão da OTAN para a Ucrânia era especialmente provocativa.


VENDO A GUERRA PELOS OLHOS DA RÚSSIA


Nossa tentativa de entender a perspectiva russa em sua guerra não endossa a invasão e a ocupação, nem implica que os russos não tiveram outra opção a não ser esta guerra. Entretanto, assim como a Rússia tinha outras opções, os EUA e a OTAN também tinham antes desse momento.


Os russos deixaram claras suas linhas vermelhas. Na Geórgia e na Síria, eles provaram que usariam a força para defender essas linhas. Em 2014, sua tomada imediata da Crimeia e seu apoio aos separatistas de Donbas demonstraram que eles estavam comprometidos com a defesa de seus interesses. Por que isso não foi entendido pela liderança dos EUA e da OTAN não está claro: incompetência, arrogância, cinismo ou uma mistura traiçoeira dos três provavelmente foram os fatores decisivos.


Mais de uma vez, mesmo com o fim da Guerra Fria, os diplomatas, generais e políticos dos EUA alertaram para os riscos de expandir a OTAN para as fronteiras da Rússia e de interferir em sua área de influência. Os ex-funcionários do gabinete Robert Gates e William Perry emitiram essas advertências, assim como os venerados diplomatas George Kennan, Jack Matlock e Henry Kissinger. Em 1997, cinquenta especialistas seniores em política externa dos EUA escreveram uma carta aberta ao presidente Bill Clinton aconselhando-o a não expandir a OTAN, chamando-o de “um equívoco político de proporções históricas”. O presidente Bill Clinton optou por ignorar esses avisos.


O mais importante para nossa compreensão da arrogância e do cálculo maquiavélico na tomada de decisões dos EUA em torno da Guerra Rússia-Ucrânia é a rejeição das advertências emitidas por Williams Burns, o atual diretor da Agência Central de Inteligência. Em um telegrama para a secretária de Estado Condoleezza Rice em 2008, enquanto servia como embaixador na Rússia, Burns escreveu o seguinte sobre a expansão da OTAN e a adesão da Ucrânia: “As aspirações da Ucrânia e da Geórgia à OTAN não apenas tocam um ponto sensível na Rússia, como também geram sérias preocupações sobre as consequências para a estabilidade na região. A Rússia não apenas percebe o cerco e os esforços para minar a influência da Rússia na região, mas também teme consequências imprevisíveis e descontroladas que afetariam seriamente os interesses de segurança russos. Especialistas nos dizem que a Rússia está particularmente preocupada que as fortes divisões na Ucrânia sobre a adesão à OTAN, com grande parte da comunidade de etnia russa contra a adesão, possam levar a uma grande divisão, envolvendo violência ou, na pior das hipóteses, guerra civil. Nessa eventualidade, a Rússia teria que decidir se iria intervir; uma decisão que a Rússia não quer ter que enfrentar”.


Por que os EUA persistiram em expandir a OTAN, apesar dessas advertências? O lucro das vendas de armas foi um fator importante. Enfrentando a oposição à expansão da OTAN, um grupo de neoconservadores e altos executivos de fabricantes de armas dos EUA formaram o “Comitê dos EUA para Expandir a OTAN”. Entre 1996 e 1998, os maiores fabricantes de armas gastaram US$ 51 milhões (US$ 94 milhões hoje) em lobby e outros milhões em contribuições de campanha. Com esta generosidade, a expansão da OTAN rapidamente se tornou um negócio lucrativo. Os fabricantes de armas dos EUA venderam bilhões de dólares em armas aos novos membros da OTAN.


Até agora, os EUA enviaram US$ 30 bilhões em equipamentos militares e armas para a Ucrânia, com uma ajuda total à Ucrânia superior a US$ 100 bilhões. A guerra, já foi dito, é altamente lucrativa para alguns poucos.


A expansão da OTAN, em suma, é uma característica fundamental da política externa militarizada dos EUA, caracterizada pelo unilateralismo com mudanças de regimes políticos e guerras preventivas. Guerras fracassadas, mais recentemente no Iraque e no Afeganistão, produziram massacres e mais confrontos, uma dura realidade criada pelos próprios Estados Unidos. A Guerra Rússia-Ucrânia abriu uma nova arena de confronto e matança. Esta realidade não é inteiramente de nossa autoria, mas pode muito bem ser nossa ruína, a menos que nos dediquemos a forjar um acordo diplomático que interrompa a matança e diminua as tensões.


VAMOS FAZER DA AMÉRICA UMA FORÇA PARA A PAZ NO MUNDO.”


Ler mais em AQUI:

AUTORES:

*Dennis Fritz é diretor da Eisenhower Media Network. Sargento Chefe do Comando da Força Aérea dos EUA (aposentado).


*Matthew Hoh é diretor associado da Eisenhower Media Network. Ex-oficial do Corpo de Fuzileiros Navais e oficial do Estado e da Defesa.


*William J. Astore é tenente-coronel da Força Aérea dos EUA (aposentado).


*Karen Kwiatkowski é tenente-coronel da Força Aérea dos EUA (aposentado).


*Dennis Laich é major-general do Exército dos EUA (aposentado).


*Jack Matlock, embaixador dos EUA na URSS, 1987-91, é autor do livro Reagan e Gorbachev: Como acabou a Guerra Fria.


*Todd E. Pierce é Major, Juiz Advogado, Exército dos EUA (aposentado).


*Coleen Rowley é Agente Especial, FBI (aposentado).


*Jeffrey Sachs, é professor na Universidade de Columbia.


*Christian Sorensen, é especialista em língua árabe.


*Chuck Spinney é membro da Força Aérea dos EUA, Engenheiro/analista aposentado no Gabinete do Secretário de Defesa.


*Winslow Wheeler, conselheiro de segurança nacional de quatro estados republicanos e democratas.


*Lawrence B. Wilkerson é Coronel do Exército dos EUA (aposentada).


*Ann Wright é Coronel do Exército dos EUA (aposentada) e ex-diplomata.


Tradução: Benito Mazzi de Araújo.


Publicado originalmente em Eisenhower Media Network (Ver AQUI)


sábado, 24 de fevereiro de 2024

JUSTIÇA ou VINGANÇA?

Imagem obtida em "Universalismo"

JUSTIÇA ou VINGANÇA?


Quaisquer comentários são insuficientes para descrever a barbárie

 (que está a acontecer AGORA)


VEJA O VÍDEO

(Para ver o vídeo em "écran inteiro" clique no símbolo no canto inferior direito)






 

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

A EXTREMA DIREITA EM DEBATE

Foto obtida no espaço "Jacobina"
 

A EXTREMA DIREITA EM DEBATE


No passado dia 8 de Fevereiro a PRÁXIS promoveu um debate subordinado ao tema “Extrema-Direita – Trabalho e Sindicalismo” para o qual foi feito oportunamente um convite generalizado para participar.


A introdução ao debate e as notas finais podem ser acedidas AQUI


Antes, porém, sugiro o acesso ao vídeo, com cerca de 3 horas, que corresponde na integra ao debate que teve lugar, e que é disponibilizado abaixo e também AQUI


Não obstante a duração do vídeo, para a qual não serão muitos os que por esse facto estejam disponíveis para o visionar, não deixa de ser importante que, principalmente os sindicalistas, o visionem.




sábado, 17 de fevereiro de 2024

NAVALNY e o CONTRADITÓRIO

 

Imagem obtida no “New York Post”


NAVALNY e o CONTRADITÓRIO


A Comunicação Social em Portugal desenvolve ao longo dos tempos e relativamente a muitas situações políticas narrativas sem direito a contraditório e até com o bloqueio (total ou relativo) de outras formas de analisar uma mesma situação.


Felizmente existem nas redes sociais (que embora não cheguem à maioria) análises e opiniões que dão uma outra visão dos mesmos acontecimentos que em Portugal e no chamado mundo ocidental não é tratado com a imprescindível imparcialidade. Imparcialidade que só o contraditório que não existe (ou quase não existe) pode permitir. Contudo, não me permito, publicamente e aqui, julgar qual das interpretações é a correcta e ou verdadeira: Se a narrativa dos grandes órgãos de Comunicação Social ou se o contraditório noticioso das redes sociais.


NAVALNY MORREU!


Quem foi este homem? Que papel POLÍTICO representou na sociedade Russa? Qual a posição da Comunicação Social perante a prisão de Assange comparativamente com a de Navalny? Qual é a mais valia que Putin tem com a morte de Navalny?


Estas respostas, que a Comunicação Social não vejo que coloque e a que não responde, podem, eventualmente, ser encontradas neste vídeo de 35 minutos com a opinião de José Goulão.



quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

O País Das Pessoas Tristes

 

Imagem obtida no espaço da Associação 25 de Abril


O País Das Pessoas Tristes


A história real do “País das Pessoas Tristes” contada a uma criança por militares que participaram activamente no 25 de Abril de 1974.


Ao longo de 22 minutos cada um dos “Capitães de Abril”, numa curta metragem realizada por João Botelho e com argumento de Manuel António Pina, lê para Joana um trecho dessa história. São eles o General Vasco Gonçalves, o Brigadeiro Pezarat Correia, o Tenente-Coronel Vasco Lourenço, o Tenente-Coronel Vítor Alves, o Coronel Carlos Matos Gomes, o Major Sanches Osório, o Almirante Vítor Crespo, o Major Mário Tomé, o Brigadeiro Costa Neves, o Tenente-Coronel Otelo Saraiva de Carvalho, o Almirante Martins Guerreiro, o Comandante Almada Contreiras e o Coronel Alfredo Assunção.


Não se suponha que a personagem central desta história – Joana - tem um papel passivo:

- Quando lhe é contado que até a Coca Cola era proibida no “País das Pessoas Tristes” Joana tem uma sonora expressão de incredibilidade;

- No final deste filme Joana sentada junto de uma placa evocando Salgueiro Maia apela à divulgação da história para que a memória se não perca.



Esta curta metragem encontra-se disponível no espaço virtual da “Associação 25 de Abril”, conjuntamente com muitos outros documentos, estudos e filmes, e a que se pode aceder AQUI



sábado, 3 de fevereiro de 2024

EM DEFESA DO SISTEMA PÚBLICO DE SEGURANÇA SOCIAL


 

Imagem obtida no espaço da CGTP-IN


O Semanário “Expresso” de 2 de Fevereiro de 2024, a páginas 2 do suplemento “Economia” informa que “Um grupo de especialistas em mercado de trabalho dá este sábado um pontapé de saída na constituição de um movimento em defesa do sistema público de pensões”


Mais refere o Semanário que deste grupo fazem parte antigos altos quadros da Segurança Social, do Instituto de Emprego, académicos, investigadores e sindicalistas.


EM DEFESA DO SISTEMA PÚBLICO DE SEGURANÇA SOCIAL


MANIFESTO


Agora que se aproximam os 50 anos do 25 de Abril, julgam os signatários que é imprescindível que a nossa Sociedade possa fazer o balanço e a necessária reflexão sobre o importante papel que o Sistema Público de Segurança Social tem tido no desenvolvimento do nosso País e na construção e fortalecimento do seu Estado Social, de modo que se antecipe e enfrente com determinação os desafios que se esperam para o futuro.


Na verdade, o desenvolvimento e a consolidação do Sistema Público de Segurança Social constitui, a par com o Serviço Nacional de Saúde e com o Sistema Público de Educação, um dos três pilares fundamentais desse Estado Social e uma das “marcas de água” do regime democrático em que vivemos. A Constituição da República consagrou-os, sendo que a sua concretização tem sido compromisso assumido por diversos Governos ao longo destes últimos cinquenta anos.


A transformação do Sistema Público de Segurança Social foi enorme sejam quais forem os critérios de apreciação, de ordem quantitativa ou qualitativa. Com efeito, os níveis de desenvolvimento social que, apesar de todas as vicissitudes, foi possível alcançar com a sua contribuição, são inegáveis e devem ser preservados e aprofundados.


Criaram-se coberturas de risco e de proteção social para a população sem ou com fracas carreiras contributivas, baseadas na cidadania, visando promover a inclusão social e a redução dos níveis de pobreza, expandiu-se a rede de equipamentos e serviços sociais em cooperação com o sector social e consolidou-se e reformou-se o sistema previdencial de proteção dos trabalhadores, quer por conta de outrem, quer independentes.


Assegurou-se o seu financiamento, identificando e separando as fontes de receita em função da natureza dos sistemas de proteção – o previdencial através das quotizações e contribuições sociais dos trabalhadores e das empresas, e os de solidariedade e cidadania por verbas do Orçamento do Estado.


O Sistema Público de Segurança Social assenta na solidariedade entre todos, cidadãos, homens e mulheres, jovens e adultos. No caso do sistema previdencial, e em especial no âmbito do nosso sistema de pensões, este modelo assume uma dimensão crucial, e funda-se no regime financeiro de repartição em oposição aos regimes de capitalização. Essa dimensão única, de solidariedade inter-geracional e profissional, em que os trabalhadores no ativo contribuem para o pagamento das reformas dos atuais pensionistas é, aliás, expressão da própria continuidade e condição de desenvolvimento da nossa vida social e comunitária, insubstituível por qualquer outro tipo de esquemas.


Acreditamos que o contributo do Sistema Público de Segurança Social para o desenvolvimento económico e social do País é condição fundamental para atingir novos patamares de progresso, de justiça social, de diminuição da pobreza, de equidade social e de igualdade de oportunidades.


Acreditamos que o sistema previdencial e, em particular, o de pensões, constitui a melhor das garantias de solidariedade social e profissional e entre gerações.


Acreditamos que o sistema de proteção social de cidadania deverá ser reforçado urgentemente e dotado de mais e melhores meios para que possa constituir um efetivo instrumento na luta contra a pobreza.


Acreditamos que o Sistema Público de Segurança Social deverá continuar a investir na melhoria das suas capacidades para promover a integração e um nível de vida digno de todos os que estão em desvantagem, económica ou social, incluindo, designadamente, os desempregados e os migrantes.


Acreditamos que serviços de qualidade e um bom nível de cobertura dos novos riscos sociais e laborais assegurado pelas múltiplas prestações sociais existentes ou por novas a criar têm de ser, hoje mais que nunca, preocupações centrais no desenvolvimento e consolidação do Sistema Público de Segurança Social.


Acreditamos, que a sustentabilidade do sistema na sua tripla dimensão – financeira, económica e social - deverá passar pelo reforço do seu financiamento, mantendo a centralidade das contribuições sociais quanto ao sistema previdencial e a plena responsabilidade do Estado em relação ao conjunto do Sistema Público de Segurança Social.


Acreditamos, por isso, que se impõe uma mobilização em torno da defesa e do aprofundamento do nosso Sistema Público de Segurança Social, devendo ser recusada qualquer forma de amputação ou limitação das suas receitas próprias em beneficio de um regime de capitalização individual, com que alguns têm vindo a acenar em nome da sustentabilidade financeira, mas cujo único objetivo é tendencialmente a privatização do sistema, o que se traduziria, isso sim, em comprometer a sustentabilidade e os objetivos da própria Segurança Social.


O Sistema Público da Segurança Social tem sido e queremos que continue a ser, cada vez mais, um pilar essencial na construção e de progresso do nosso Estado Social, um cimento forte da nossa Sociedade e um compromisso de solidariedade leal e firme para o Futuro.


Os signatários, por imperativo de consciência e dever de cidadania, comprometem-se a promover e a encorajar todas as iniciativas e atividades que contribuam para defender e desenvolver o Sistema Público de Segurança Social universal e solidário, e convidam os seus concidadãos a juntar-se a esta justa causa, em defesa dos seus interesses individuais e coletivos.


Janeiro 2024, Promotora/es: Ana Cristina Costa, António Valadas da Silva, Fernando Marques, Frederico Cantante, Henrique Sousa, João Ramos de Almeida, José Cid Proença, Luís Capucha, Manuel Pires. Maria Clara Murteira, Maria Teresa Garcia, Paulo Pedroso, Ricardo Moreira, Rogério Silveira, Rosa Maria Simões Silva, Tiago Preguiça


NOTA: Os sublinhados são da responsabilidade de “Trabalho e Sindicalismo”