Imagem obtida na “Livraria ler com gosto”
O LIVRO ESQUECIDO DA REVOLUÇÃO
Ao longo dos últimos 50 anos fizeram-se os mais diversos documentários e filmes alusivos ao 25 de Abril de 1974. Realizaram-se as mais esclarecidas entrevistas radiofónicas e televisivas sobre esta revolução. Escreveram-se os mais empolgantes textos difundidos em jornais e revistas.
E nestes 50 anos do 25 de Abril são inúmeros os livros que esmiúçam à exaustão o antes e o depois da Revolução, mas… há um livro que está esquecido:
ALVORADA EM ABRIL
Este livro de mais de 650 páginas, da autoria de quem, no dizer de Eduardo Lourenço, esteve “Colocado no centro de uma acção que num dia longo alterará uma rotina que parecia eterna, Otelo Saraiva de Carvalho está mais que indicado do que ninguém para desfibrar a trama daquilo que poderia ter sido apenas um golpe militar – e que acabou por ser bem sucedido, quer isso agrade ou não, uma Revolução das mais singulares da nossa história, e singular até no panorama dos movimentos revolucionários contemporâneos”.
Pois este livro anda para aí escondido. Porquê?
1 - Porque tem um prefácio de Eduardo Lourenço?
2 - Porque na primeira parte refere os acontecimentos “De 1954 a 1974: Em que medida a portuguesa História recente contribuiu para a formação do Movimento dos Capitães”?
3 - Ou porque analisa o que foi “A penúltima gota do cálice ou de como os capitães entram em cólera”?
4 - Ou ainda porque descreve qual foi “A última gota do cálice ou de como se chega finalmente à conclusão de que isto só vai à porrada”?
5 - Ou porque, finalmente, na quarta e última parte do livro se aborda “O triunfalismo do Regime e a teimosia dos capitães ou de como perder uma batalha não significa necessariamente perder a guerra”?
Mas, a importância deste livro também reside nos seus 32 anexos compostos por documentos de importância crucial para que a operação militar surgisse vitoriosa.
Seguramente que não terá sido por nenhum dos motivos acima evocados. Então será porquê? Por ser da autoria de Otelo Saraiva de Carvalho?
Na Assembleia da República exortam-se anualmente, com a presença dos muitos ainda vivos “capitães de Abril”, a data da libertação de um regime que ao longo dos anos deixou progressivamente de ser considerado fascista para assumir o estatuto de ditadura, deixando prever que dentro de outros 50 anos até poderá passar a ser classificado como um regime austero.
As músicas de intervenção, criadas ao tempo da ditadura e as que nasceram ao longo do PREC (Período Revolucionário Em Curso) foram sendo relegadas para o esquecimento e, agora, algumas, as que não trazem grandes incómodos, começam-se a ouvir.
O que talvez melhor defina estes 50 anos da Revolução do 25 de Abril serão as palavras de José Mário Branco na letra da sua extraordinária canção “Eu Vim de Longe”:
.../…
Tinha esta viola numa mão
Uma flor vermelha noutra mão
Tinha um grande amor
Marcado pela dor
E quando a fronteira me abraçou
Foi esta bagagem que encontrou
.../…
E então olhei à minha volta
Vi tanta esperança andar à solta
Que não hesitei
E os hinos que cantei
Foram frutos do meu coração
Feitos de alegria e de paixão
…/…
Quando a nossa festa se estragou
E o mês de Novembro se vingou
Eu olhei pra ti
E então eu entendi
Foi um sonho lindo que acabou
Houve aqui alguém que se enganou
.../...
E então olhei à minha volta
Vi tanta mentira andar à solta
Que me perguntei
Se os hinos que cantei
Eram só promessas e ilusões
Que nunca passaram de canções
.../…
Quando eu finalmente eu quis saber
Se ainda vale a pena tanto crer
Eu olhei para ti
Então eu entendi
É um lindo sonho para viver
Quando toda a gente assim quiser
NOTA IMPORTANTE: Para quem não tem o livro “Alvorada em Abril” e não o consegue adquirir pode, se nisso tiver interesse, aceder gratuitamente ao mesmo AQUI
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