O
DESPORTO
na
poesia portuguesa
E
eis que me vejo com um livro de poesia nas mãos, datado de 1989,
numa edição do Sindicato dos Bancários do Sul e lhas. A surpresa,
para mim, é que este livro se intitula “O
DESPORTO na poesia portuguesa”.
Comecei
a folhear o livro e a ler alguns dos poemas que resultam da pesquisa,
da selecção
e das notas
de José do Carmo Francisco. O
livro apresenta-nos uma selecção de poemas distribuídos pelos
capítulos que se reportam
a várias modalidades desportivas:
O
CICLISMO
ou a metáfora por
excelência da poesia;
O
BASQUETEBOL
ou a insubmissão ao
espelho;
O
BILHAR
ou a geometria da
saudade;
O
HÓQUEI-EM-PATINS
ou as consolações
mais frequentes dum país perdedor;
NATAÇÃO,
REMO,
VELA,
WINDSURF,
CAÇA SUBMARINA
e MOTONÁUTICA
ou o grito elementar
do homem nas águas;
AUTOMOBILISMO
e MOTOCICLISMO
ou o usufruto da
velocidade e da vertigem;
O
BOXE
ou os murros
ritmados na rima das quatro cordas;
O
XADREZ
ou as 64 casas
essenciais da luta;
O
ANDEBOL
ou as linhas
helénicas no pavilhão;
O
TÉNIS
ou os 40 pontos do
destino / adversário;
O
HIPISMO
ou o tropel da vida;
GINÁSTICA
RÍTMICA
– um lugar entre a
dança e o desporto:
O
ATLETISMO
ou o limiar dos
deuses no meio dos homens;
O
FUTEBOL
ou razões para o
descanso de Deus ao sétimo dia;
O
PARAQUEDISMO
ou o usufruto do
sonho de voar.
Este
livro de poesia estará certamente esgotado, mas ainda deve poder ser
lido na biblioteca do SBSI e, porque não aproveitar a deslocação
para questionar sobre
assuntos sindicais algum
Director que por lá se passeie (?).
Não
tem hipóteses de por lá passar? Não
tem hipóteses de ler o livro? Então
deixo-lhe aqui, como
prémio de consolação,
um poema de Alexandre O’Neill em que o autor “sente
assim o envolvimento político da ditadura argentina no Mundial de
1978”
Em
Buenos Aires, no River Plate
a
seis campos de futebol (medidas máximas)
do
Centro onde, entre outros primores de jogo,
se
chutavam testículos, mamas e cabeças,
a
Taça do Mundo ferverá nas mãos de quem a ganhar,
de
quem a empunhar, de quem por ela beber
A
MERDA DE TER LÁ IDO.
Sem comentários:
Enviar um comentário