Foto obtida no espaço do Bloco de Esquerda
CGTP
AINDA MAIS CONTROLADA PELO PCP?
O
Jornal “O Público” publicou um artigo intitulado «Antigos
dirigentes da CGTP contestam “domínio e controlo” do PCP» em
que dá a conhecer uma carta enviada por esses dirigentes à Direcção
daquela Central Sindical. (VER
em
https://www.facebook.com/photo/?fbid=10233384474900258&set=a.10232166750657913)
TEXTO
DA
CARTA
ENVIADA
AOS
DIRIGENTES
DA CGTP
O
ALERTA NECESSÁRIO
A
realidade dominante no movimento sindical, também na CGTP-IN, é
crítica e de duração considerável e preocupante. A primeira
condição para resolver decisivamente dificuldades ou crises é
reconhecer essa realidade e enfrentá-la.
Quando
surgem novos problemas e grandes desafios, como a precariedade, os
novos empregos e tipos de contrato ou plataformas, impedindo vidas
dignas, nomeadamente aos jovens trabalhadores; quando se impõe a
redução e reorganização do tempo de trabalho e os algoritmos
tomam conta da vida laboral; quando a emergência climática destrói
empregos e as multicrises e as transições digital e energética
ameaçam os empregos que conhecemos, constatamos a ausência de
respostas por parte da maior organização sindical portuguesa.
Saída
de um Congresso em que se exigia renovação de pessoas e métodos, a
CGTP adotou um ainda maior fechamento, deixando de ter nos seus
órgãos executivos quem, pela sua representatividade e presença
ativa nos locais de trabalho, tem de ser tido em conta e assumir um
papel mais relevante na condução da luta que é de todos. Quando
precisamos de redes, cooperação e solidariedade europeia, vemos uma
prática isolacionista que em nada beneficia uma resposta eficiente
do todo sindical, que, para além das diferenças, que existem,
precisa de unidade na ação. Quando se impõe ousadia e compromisso,
renovação e inovação sindical, temos uma deriva sectária, falta
de transparência, duvidosa representatividade, burocracia sindical
ao serviço de estratégias alheias e negacionismo da sua própria
crise.
Quando,
por falta de funcionamento democrático, o Conselho Nacional
confederal reuniu dois anos e meio sem a participação de todos os
sindicalistas socialistas; quando a simples distribuição das
propostas alternativas, vindas da corrente socialista ou da corrente
bloquista foi sistematicamente recusada; e quando se esperaria que o
Congresso último resolvesse o diferendo e engrandecesse o projeto
unitário, este assumiu a ruptura e os sindicalistas socialistas
ficaram ineditamente fora da Comissão Executiva, para onde mais uma
vez os sindicalistas bloquistas foram barrados; quando as guerras
avançam, a CGTP não pode ter dualidade de critérios nem
reticências na defesa do direito dos povos à autodeterminação.
A
composição político-partidária da direção da CGTP não tem hoje
autonomia nem correspondência alguma com a realidade sociopolítica
em terreno laboral. Tal se confirmou nas comemorações do 1º de
Maio 2024, marcadas, principalmente no Porto, por um separatismo
social inexplicável, expulsando do desfile organizações diversas,
chamando até a polícia para tal impor. Aliás, o desfile de Lisboa
evidenciou uma deriva inaceitável: o pano da frente da manifestação
foi empunhado exclusivamente por elementos da maioria comunista
dominadora da CGTP. Situação que se repete na Concertação Social,
com representações amputadas na sua diversidade interna.
Agora,
governados pela direita, com a extrema direita em crescendo, como é
possível que seja quando na CGTP-IN a desunião e falta de
democracia interna mais se manifesta? O que mais se impõe é o
reforço e abertura da organização, a unidade, a capacidade de
propor, lutar, negociar com ganhos. Mas a CGTP, a grande central
unitária dos trabalhadores portugueses, mostra-se cada vez menos
unitária e sofre o domínio e controlo duma força partidária. A
CGTP evidencia-se cada vez menos de massas e muito menos autónoma.
Assim perde credibilidade e vai desgastando o seu rico capital
histórico. Assim tem perdido relevância. Assim, perde poder e, no
jogo político social, não conta; faz de conta.
Nós,
ex dirigentes, também somos CGTP e sabemos que esconder a crise,
para não mostrar debilidades, não é solução: assumir, enfrentar
e reforçar-nos quando solucionamos os problemas! Isso sim. Demos
muito do nosso esforço ao longo das nossas vidas ao movimento
sindical. Não podemos silenciar o alerta necessário. É PRECISO e
URGENTE:
•
Recuperar
a autonomia, respeitando o lugar dos partidos e recusando o domínio
sectário e organizado de um partido sobre a orientação, direção
e funcionamento da CGTP, que conflitua com a diversidade de
convicções políticas dos trabalhadores e os afasta do
sindicalismo;
•
Recuperar
o caráter unitário efetivo da CGTP-IN, fiel às origens históricas,
e adotar uma política real de unidade na ação com outras
organizações sindicais, de trabalhadores e movimentos sociais, no
respeito pelas distintas identidade;
•
Adotar
uma democracia inclusiva, com debate efetivo, onde a voz e
sensibilidade de todos conte, e promover a real participação,
prestação de contas, transparência e real circulação de
informação para construir as orientações e ação da central,
rejeitando o funcionamento centralista da CGTP,
•
Desenvolver
um debate amplo e participado, promover a análise concreta da
realidade e responder às mudanças profundas e novos desafios do
mundo do trabalho, sem o habitual discurso triunfalista que ignora
fragilidades e erros próprios, investindo na análise autocrítica
dos erros, fraquezas e insuficiências próprios. Os princípios da
CGTP, a sua matriz original tem de ser recuperada. É preciso
democracia interna, controlo democrático e participação sem
discriminação! É preciso transparência! É urgente o fim do
centralismo autoritário e sectário da atual maioria! É preciso
autonomia e independência! É preciso unidade a sério! É urgente
que todos os que querem um sindicalismo de classe, democrático,
autónomo e solidário tenham lugar e se sintam bem na CGTP!
Os
SIGNATÁRIOS
Ex-membros
da Comissão Executiva
Adão
Mendes
Américo
Monteiro Oliveira
Armindo
Carvalho
Augusta
de Sousa
Carlos
João Tomás
Carlos
Trindade
Eduardo
Chagas
Emídio
Martins
Fernando
Jorge Fernandes
Florival
Lança
Maria
Conceição Rodrigues
Maria
Fátima Carvalho
Ulisses
Garrido
Vivalda
Silva
Ex
membros do Conselho Nacional
António
Avelãs
António
Gomes
Antonio
Guerreiro
António
Morais
Augusto
Pascoal
Branco
Viana
Carlos
Amado
Carlos
Lopes
Deolinda
Martin
Fernando
Fidalgo
Fernando
Lima
Francisco
Alves
João
Maneta
José
Costa Velho
José
Pinheiro
Manuel
Grilo
Manuel
Pinto Silva
Maria
Graça Silva
Maria
José Miranda
Mariana
Aiveca