sábado, 30 de maio de 2020

NÃO DEIXEM MORRER OS SAMS



Imagem obtida no Blogue de “emilianojamba”




NÃO DEIXEM MORRER OS SAMS


ESTAREMOS PERANTE UMA ESTRATÉGIA INICIADA EM 2008 (E QUE OS BANCÁRIOS ENTÃO RECUSARAM) QUE CONDUZIRÁ À EXTINÇÃO DOS SAMS ENQUANTO SERVIÇOS DE PRESTAÇÃO DE CUIDADOS DE SAÚDE GERIDOS E PROPRIEDADE DOS BANCÁRIOS?

Em 21 de Maio de 2020 questionei (e questionei-me) no artigo de opinião “A propriedade e gestão dos SAMS” (ver AQUI) pois acredito (embora não queira), que perante as políticas que vêm sendo aplicadas nos Serviços de Assistência Médico-Social, já relativamente aos beneficiários / utentes, já relativamente aos próprios trabalhadores desta empresa social, existe uma estratégia (apenas pensada por alguns) de transformar os “SAMS social” num “SAMS comercial”.

São vários os indícios (que a outros melhor colocados no espectro sindical cumpre discriminar) que apontam para uma progressiva destruição da prestação de cuidados de saúde directos.

Rui Riso (Presidente da Direcção do sindicato proprietário do Hospital dos SAMS) na primeira parte da intervenção que fez na Comissão Parlamentar de Saúde “limitou-se” a fazer o historial do nascimento dos SAMS. Realçou e bem, que os SAMS do Sindicato são diferentes de qualquer outro serviço de saúde congénere, porquanto presta, também, serviços de saúde, enquanto os outro subsidiam os custos dos serviços que terceiros fornecem. Mas, talvez seja útil aqui referir, que Rui Riso não disse que a política, então aprovada, se deveu a que o sindicato não quis ficar refém dos custos a pagar às entidades que ofereciam serviços de saúde directos. Se os SAMS se limitassem a subsidiar os serviços de saúde prestados por outros não teria qualquer controlo sobre os preços tabelados e, assim, os bancários iriam progressivamente pagando cada vez mais. O êxito desta política (que se não deve à Direcção presidida por Rui Riso) ainda hoje se constata. É o próprio Rui Riso que afirmou na Assembleia da República que o recurso à prestação de serviços de saúde a entidades externas é de 30%. Poderemos, pois, dizer que 70% dos bancários e familiares utilizam os serviços internos de prestação directa de cuidados de saúde dos SAMS, porque se sentem bem e apoiados.

Não posso deixar de realçar uma preciosidade dita na Assembleia da República que se reporta à informação dada aos Deputados por Rui Riso que, segundo ele, entravam diariamente no Centro Clínico de Lisboa (Fialho de Almeida) cerca de 5000 pessoas e que, muitos (reformados), ali iam apenas para se encontrarem com os amigos, almoçarem, enfim, conviverem. Para esta afirmação ter alguma consistência e ser importante no contexto em que foi referida, tem que ter a montante um controlo estatístico que permita auferir a percentagem de pessoas que fazem do Centro Clínico um local de convívio. Porque, se não existe esse controlo estatístico, a afirmação não passa de uma mera especulação que não é aceitável fazer para dar ênfase a uma argumentação.

Presentemente são vários os beneficiários dos SAMS (a que se juntam os respectivos trabalhadores) altamente preocupados com o futuro do seu Serviço de Saúde. Uma preocupação legitima, até porque os SAMS são uma entidade privada de expressão social e paga com os dinheiros dos bancários, já directamente, já através das clausulas contratuais (contrapartidas da relação de trabalho) que obrigam a banca a descontar para os SAMS. Financeiramente os SAMS também não dependem de subsídios do erário público não justificados por qualquer “venda” de serviços.

A preocupação centra-se na possível destruição dos SAMS que constituiria um retrocesso social para os bancários e, além disso, também na eliminação de uma política de prestação de serviços de saúde directos que poderia ter graves consequências na subsistência e continuidade dos SAMS como o conhecemos.

A carta que os dirigentes do MUDAR (Movimento de Unidade, Democracia e Acção Reivindicativa) dirigiram à Mesa Coordenadora do Conselho Geral solicitando que seja introduzido um ponto sobre os SAMS na Ordem de Trabalhos do próximo Conselho é uma medida correcta e importante, que colocará esse órgão perante a irresponsabilidade de ser parcial (e não só) se se recusar a que o Conselho analise uma das matérias mais importantes verificadas nos últimos tempos. E, qualquer que seja a resposta, os dirigentes do MUDAR devem torná-la pública.

Ainda na sequência dessa carta (e no pressuposto que venha a ser aceite a proposta da mesma) deveria ser aberta uma via de acesso virtual, pública, para permitir aos bancários fazerem chegar ao MUDAR as perguntas que entendessem dever ser feitas à Direcção do sindicato no Conselho Geral. Porquê? Porque é importante para a mobilização dos associados facilitar a participação no processo de defesa dos SAMS.

Hoje mesmo li na página do Facebook do nosso colega Júlio Fernandes um texto que, de algum modo, consubstancia a forma como muitos bancários sentem os SAMS e que, com a devida vénia, tenho a ousadia de transcrever.

Não obstante o texto parecer um pouco determinista e pessimista (Eu choro a tua ausência / Por muito te amar! / E também! / Porque penso / Que qualquer dia / Sem os SAMS vou ficar!) ele tem por título “NÃO DEIXEM MORRER OS SAMS, o que, de certa forma, é um apelo à luta e à esperança.



NÃO DEIXEM MORRER OS SAMS

SAMS TEU E MEU AMOR
Tudo o que em vida amamos
Quando morremos
Nada levamos!
Apenas deixamos a vida
É pena que – ninguém possa voltar
E talvez emendar!
O que não fizemos por medida
Amo tudo que fizeste
E desde que morreste…
Tu! Só a vida perdeste
Mas muitos – perderam
E continuarão a perder…
Tudo que de bom fizeste
E tudo que de ti deste,
Sem medo, mas com confiança
E saber!
Mas , neste mundo complicado!
Existe muito pecado…
Por não saber ou não querer
Continuar e preservar
O deveria ser…
A história se lembrará de referir
Se alguém o quiser fazer
Tudo que fizeste pelos bancários
No teu percurso sindical
Pondo enfase na saúde
Não esquecendo outros valores
Outras obras que enriqueceram
O Sindicato afinal.
Agora os que ficaram…
Vão perdendo tudo
Á sua dimensão.
Os SAMS choram e chamam por ti…
Como se pudesses voltar
E hão-de chorar ainda mais
Quando esse teu feito acabar
Eu choro a tua ausência
Por muito te amar!
E também!
Porque penso
Que qualquer dia
Sem os SAMS vou ficar!
Talvez eu já não perca muito
Dado os anos que me restam…
Mas – existem famílias inteiras
Que nos SAMS o seu serviço prestam.
A avareza não serve
Nem faz crescer seja o que for
Só com sapiência valor e amor
As coisas crescem!
Estando permanentemente em flor.
Maria do Carmo Carreira (micá)


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