SE
PASSA NA TV É PORQUE EXISTE
O
encerramento dos SAMS (Serviços de Assistência Médico Sociais do
Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas), às ordens do Presidente da
Direcção do SBSI (Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas), sem
oposição conhecida dos restantes membros da Direcção e à pala de
se terem infectado pelo COVID-19 alguns profissionais e utentes do
Hospital, como razão suficiente para o encerramento, continua a ser
notícia na Comunicação Social e a indignar os trabalhadores
bancários utentes deste serviço de saúde.
O
mais grave, ainda, terá sido o encerramento se ter verificado logo
no início da pandemia, quando os estabelecimentos do SNS (Serviço
Nacional de Saúde) começavam a ter algumas dificuldades em
responder ao afluxo de doentes e, também devido ao encerramento dos
SAMS, ficaram na contingência de eventualmente ter que responder às
necessidades de mais cerca de 100 mil potenciais utentes.
Neste
espaço virtual os menos atentos e para uma melhor compreensão do
que se passou, podem aceder AQUI aos diferentes momentos desta
trágica odisseia.
INVESTIGAÇÃO
SIC
Quis
a
comunicação televisiva
trazer ao conhecimento público através do programa “Investigação
SIC” (ver
AQUI)
a reconstituição do que se passou e das razões que terão
justificado o encerramento.
Da
“Investigação
SIC”
extraem-se as
seguintes conclusões objectivas:
-
A Direcção Geral de Saúde nunca mandou encerrar a totalidade dos
SAMS como inicialmente a Direcção do SBSI quis dar a entender;
-
Cerca de 100 mil utentes dos SAMS foram “despejados” dos SAMS e
enviados para o SNS que já se encontrava com dificuldades de
responder aos seus habituais utentes;
-
Utentes dos SAMS, activistas sindicais, ex-dirigentes sindicais,
responsáveis do Secretariado Sindical de Reformados do SBSI,
dirigentes da Tendência Sindical MUDAR do SBSI, uma
médica dos SAMS, o Presidente
do Sindicato Independente dos Médicos, Deputados, um
dirigente
do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, um
dirigente
da Federação Nacional dos Médicos e o ex-Ministro da Saúde e
ex-responsável dos
SAMS expressaram, com diferentes tonalidades, a discordância com a
decisão de encerrar os SAMS;
-
Além
do Presidente do SBSI não se ouviu ninguém a justificar
positivamente o encerramento total dos SAMS;
-
Os SAMS têm vindo desde pelo menos 2018 a ter prejuízos e em 2019
os prejuízos negativos foram de mais de 6 milhões de euros, não
obstante o valor orçamentado para esse período tivesse sido de 4
milhões positivos;
-
Imediatamente após o encerramento dos SAMS os trabalhadores foram
obrigados a entrar em layoff por um período de 2 meses que,
posteriormente, foi antecipado para 1 mês.
E
AGORA? QUE QUEREM E VÃO OS SÓCIOS DO SBSI FAZER?
Para
que se reflicta bem na gravidade do momento, não só ao nível
sindical, mas especialmente ao nível da saúde, recordo que os SAMS
vêm tendo sucessivos anos de prejuízo. E até há quem pressuponha
que está em causa a intenção de vender os SAMS.
Todos
sabemos que uma das formas de apressar uma venda é criar condições
deficitárias numa empresa (SAMS com 4 milhões de prejuízo em
2019), conduzi-la quase que à insolvência e, depois, não havendo
já outras soluções, vendê-la. Duvido que seja este o objectivo.
Contudo, gostaria de saber qual é o enquadramento dos SAMS no “MAIS
Sindicato”, pois que dele vão fazer parte trabalhadores de outros
ramos de actividade, trabalhadores que não são bancários.
A
REALIDADE É DURA, MAS NÃO HÁ QUE ESCAMOTEÁ-LA.
-
A maioria dos activistas sindicais estão velhos, reformados ou a
caminho da reforma e poucos, muito poucos, são os jovens bancários
que participam nas actividades sindicais. Nem mesmo as actividades
lúdicas, culturais ou desportivas conseguem ser aliciantes para
estabelecer uma passagem para
o
activismo na
política sindical de defesa dos interesses colectivos.
-
A tendência Sindical MUDAR que era a segunda maior
força
político sindical no SBSI perdeu votos para a abstenção,
designadamente a partir do momento em que há alguns anos,
inexplicavelmente, se candidatou em aliança com activistas de
outras perspectivas sindicais e, inclusive, abdicou de se apresentar
com a sua sigla. Os eleitores, muitos dos quais votavam nas extintas
Listas Unitárias e reconheceram
no MUDAR a continuação de uma política sindical que lhes agradava,
não compreenderam a estratégia e afastaram-se.
-
Nenhuma tendência sindical no seio do SBSI tem capacidade
organizativa e eleitoral para, sozinha, garantir não só a vitória
eleitoral da candidatura de uma Direcção como, posteriormente,
assegurar através dos membros eleitos para o Conselho Geral o
necessário apoio às política sindicais. A
unidade na proposta de uma Candidatura é, pois, imprescindível para
o êxito eleitoral, conjugado (sem
o que não haverá candidatura comum)
com o aceitar a permanência na UGT. Foi, aliás, o que acordaram as
Listas Unitárias e a Tendência Sindical Socialista quando se uniram
no apoio a uma Direcção durante 3 mandatos e de que resultaram
benefícios para os trabalhadores bancários.
Esta
é a realidade com que nos confrontamos e que há que resolver se
pretendermos:
a)
Afastar de futuras Direcções os actuais membros;
b)
Alterar a composição política das últimas
Direcções do SBSI que em termos sindicais não trouxeram quaisquer
benefícios aos bancários e em termos de saúde, além do que é
visivelmente
mau,
estão a conduzir o nosso
sistema
de saúde a prejuízos incompreensíveis.
c)
Encontrar uma Direcção que volte a dar aos trabalhadores bancários
a dignidade, os direitos e as regalias que estão a perder.
SÓ
O PRESIDENTE DA DIRECÇÃO É RESPONSÁVEL?
Não
será, no caso concreto em análise, com manifestações de 50 e 30
pessoas, que os objectivos atrás enunciados serão alcançados.
Manifestações a que o Presidente da Direcção do SBSI na
“Investigação SIC”, se referiu, face ao número de presenças, de forma depreciativa.
Não
basta nas redes sociais clamarmos pelo afastamento do
Presidente da Direcção
se
não lutarmos pela demissão de toda uma Direcção e pela
substituição
dos membros do Conselho Geral, para
que este justo
desejo
se concretize.
Quem
coloca a culpa de toda esta má gestão exclusivamente
na
figura do Presidente da Direcção do SBSI, esquecendo os restantes
membros da Direcção e do Conselho Geral, está a ser redutor. Há
que saber quem são os
que
não podem
vir a ser de novo eleitos. Diz-se (quem
diz?) que
eles (os restantes membros da Direcção e do Conselho Geral) fazem o
que o Presidente da Direcção quer, pois que os “compra”. A ser
verdade ainda a culpabilização é maior. Na realidade
todos os que apoiam (pelo silêncio ou não) estas políticas e
medidas que o Presidente da Direcção tomou são igualmente
coo-responsáveis e merecem forte crítica pública.
CRIAR
PONTES, APRESENTAR UM PROGRAMA
Também
não basta nas redes sociais darmos umas “palmadinhas nas costas”
aos que na entrevista da “Investigação SIC” assumiram as suas
responsabilidades enquanto cidadãos e sindicalistas. O
mais importante (digo-o sem desprimor por ninguém) é, como
diz um conhecido sindicalista e meu amigo, criar pontes.
Há
que criar pontes com os bancários mais jovens, há
que criar
pontes com os ex-dirigentes sindicais, há
que criar
pontes com os responsáveis da Tendência Sindical Socialista. Criar
pontes em
torno
de um Programa de Acção aberto a
todas as contrapropostas que queiram ser feitas.
Um
Programa em que seja equacionado:
-
A permanência na UGT e em que condições;
-
As relações com a CGTP-IN;
-
As relações com o Sindicato dos Bancários do Norte;
-
A política contractual a desenvolver no sindicato e o fim da
caducidade dos Contractos de Trabalho através da promoção de
acções concertadas entre a UGT e a CGTP-IN;
-
O enquadramento dos bancários e dos SAMS no “Mais Sindicato”;
-
A recuperação financeira dos SAMS através do eventual pagamento
extra de uma quota temporária;
-
A revisão dos acordos com outras entidades de saúde;
-
Uma
política de trabalho para os trabalhadores do SBSI / SAMS.
SINDICALISMO
DE REFORMADOS? NÃO, NÃO E NÃO!
Estamos
a atravessar um período no SBSI em que todos os trabalhadores
bancários que se não revejam na política e nas medidas sindicais
praticadas por esta Direcção e apoiadas pela maioria dos membros do
Conselho Geral do SBSI, se devem disponibilizar para colaborarem.
Recordo
que os bancários reformados muito pouco ou nada têm a perder. Por
isso, este apelo à disponibilidade deve ser mais forte entre os
bancários que estejam no activo. Se imaginam (os trabalhadores no
activo) que o facto de não darem a cara na defesa dos direitos
colectivos os irá beneficiar nas carreiras profissionais…
desenganem-se.
Os
bancários no futuro terão o futuro que hoje
colectivamente
construírem.
Triste realidade,urge uma tomada de posição colectiva,pois estamos a ser hipotecados.
ResponderEliminarSou bancário reformado, pertenci ás extintas listas unitárias, não e revejo no MUDAR, embora tenha votado neles.
ResponderEliminarMas há muito que digo " Os bancários tem aquilo que merecem"