DO
CENTRO
DE FÉRIAS E FORMAÇÃO
(Propriedade
do ex-SBSI)
Ferreira
do Zêzere
ANTECEDENTES
DO ENCERRAMENTO
Após
a “Idade de Ouro” do sindicalismo bancário, não confundir com o
período em que maiores conquistas politico-sindicais se conseguiram,
o SBSI iniciou uma fase descendente e de forma acelerada. Bastaram 10
a 15 anos para se liquidarem direitos adquiridos, fruto de duras
lutas desenvolvidas por gerações de bancários e, a degradação
atinge níveis nunca pensados quando os bancários elegem
administradores propostos pelas Tendências Sindicais Socialista e
Social Democratas necessárias para manter a capacidade financeira da
UGT.
A
“Idade de Ouro” inicia-se no SBSI a 9 de Maio de 1988 e termina a
(se a memória não me atraiçoa) 12 de Maio de 2000 com uma aliança, que durou 12 anos, entre militantes do PS, do PCP e independentes partidários propostos
pelo PCP.
Se
os resultados eram tão bons, porque não prosseguiram é a pergunta
óbvia
Para
conhecer, pelo menos, uma versão da história é necessário ler o
que 5 sindicalistas à época escreveram sobre o assunto.
Esses
5 sindicalistas escreveram a 1 de Março de 2000 preconizando
o futuro:
“Com
a ruptura da coligação actual há (se a lista PS/PSD/MRPP vencer!)
consequências já evidentes:
Dificuldades
na defesa dos bancários no que respeita à integração na
Segurança Social que está em negociação; a gestão critiriosa
actual dos SAMS em risco com o possível regresso de gente que os
levou à beira da falência; avanço para os SAMS, dito único,
facilitado; constituição duma Federação do Sector, a que se
alienaria o poder de negociação colectiva; reforço da UGT, seja
pela via organizacional (com a Federação) seja pelos apoios e
facilidades indevidas.
É
fácil concluir que a ruptura desta actual coligação não saem
beneficiados os bancários, nem defendidos os seus interesses”
(Convite à Inquietação - texto integral pode ser acedido abaixo)
A
23 de Janeiro de 2002 os mesmos sindicalistas perguntaram, dois
anos depois do Comunicado de Março de 2000, quem de boa fé podia
afirmar que estavam enganados?
Diziam
então, além de outras ideias, o seguinte:
“A
actual Direção (PS/PSD/MRPP) ABRE UMA BRECHA PROFUNDA NA NEGOCIAÇÃO
COLECTIVA DOS BANCÁRIOS.
-
O Acordo de Empresa negociado secretamente com o Grupo BCP sem a
participação dos trabalhadores e da Estrutura Sindical retira
direitos aos trabalhadores e compromete as futuras negociações do
Acordo Colectivo de todos os restantes Bancários;
-
O Acordo SAMS / MEDIS confere mais direitos a alguns Bancários (o
que é legitimo) à custa dos restantes que, não beneficiando de
mais direitos, vêem aumentadas as despesas dos SAMS (o que é
ultrajante).”
Noutra
parte do comunicado lê-se:
“Quem
empurrou e continua a empurrar os socialistas para os braços da
direita sindical, não foram nem são as Listas Unitárias! Não foi
e não é a CGTP!: foram e são
decisões de alguns elementos com peso nas estruturas partidárias do
PCP.
Criaram-se
rupturas para atirar para os braços da direita sindical os
socialistas, por forma a justificar projectos pessoais, de grupos e
também partidários, consubstanciados na criação de um Sindicato”
(Impõe-se falar verdade - texto integral pode ser acedido abaixo)
É então, por iniciativa de
militantes do PCP, que nasce no Grupo CGD um sindicato de empresa, o
STEC - Sindicato dos Trabalhadores das Empresas do Grupo da Caixa
Geral de Depósitos e, posteriormente, surge o SINTAF – Sindicato Nacional dos
Trabalhadores do Sector Financeiro.
Enquanto os banqueiros se unem
para serem mais fortes, os Bancários são divididos por uma
iniciativa de quem os deveria unir. Com a criação destes dois
sindicatos o PCP promove a extinção das Listas Unitárias na Banca
o que obriga um número significativo de sindicalistas, militantes do
PCP (que não concordaram com a orientação do Partido),
sindicalistas do PS, do PSD e, até, do CDS, que se não reconheciam
nas práticas da Direção do SBSI, a constituírem o MUDAR –
Movimento de Unidade, Democracia e Acção Reivindicativa.
CHORAR
SOBRE O LEITE DERRAMADO?
OU
LUTAR?
Não basta clamar nas redes
sociais contra o estado a que o ex-SBSI chegou (e de que o
encerramento do centro de Férias e Formação é o exemplo mais
recente) devido à falência de objectivos construtivos de sucessivos
administradores do Sindicato que, não podemos ignorar, foram
propostos pelas Tendências Sindicais Socialista e Social Democrata.
A razão desta aliança contra
natura reside essencialmente na necessidade de manter e criar a paz
na UGT, pois não é possível também ignorar que o ex-SBSI é um
dos maiores contribuintes financeiros desta Central Sindical.
Por outro lado, o MUDAR (ver
AQUI) por si só dificilmente passa o seu projecto de forma autónoma,
pois não tem um número de activistas suficiente e também não tem
capacidade financeira, não obstante ter no seu seio sindicalistas de
elevada reputação.
A Tendência Sindical
Socialista (TSS) receia perder o controlo do ex-SBSI se não estiver
aliada à Tendência Social Democrata (TSD) e, por sua vez, não
consegue encontrar, no seio dos Bancários Socialistas, sindicalistas
embuídos de espírito de missão e com conhecimentos mínimos do que
representa o sindicalismo em Portugal, na Europa e no Mundo e da
relação de forças com o patronato.
No Conselho Geral do ex-SBSI,
onde as grandes linhas de orientação do sindicato se deveriam
debater livre e profundamente, os membros que o compõem não têm
(ou não querem ter) força anímica (para não utilizar outra
expressão menos agradável) para se opor à progressiva
descredibilização do sindicato.
Mas, para ir ao âmago da
questão, também nos trabalhadores bancários, nomeadamente nos
sócios do ex-SBSI, impera a descrença e a percepção de que o
sindicato não tem força suficiente para obstar às pressões que
sofrem por parte das entidades patronais, acrescido do facto de os
dirigentes sindicais não saírem da Rua de S. José e, assim, serem
entidades abstractas. Será, por ventura, uma das razões, senão a
principal, por nas votações para os Corpos Gerentes uma maioria
esmagadora não exercer o direito de voto. E, pasme-se!, nem precisam
de se deslocar para votar.
Há também que equacionar o
facto de se todas Tendências sindicais concorrerem isoladas às eleições a que vencer terá dificuldade em gerir o sindicato na
medida em que as outras tendências poderão sempre criar uma
oposição negativa relativamente a quaisquer propostas.
Assim, nos anos mais próximos,
na minha opinião (e espero que não só na minha) as direcções
futuras estarão condenadas a surgir de alianças entre pelo menos
duas Tendências Sindicais. Contudo, a manter-se a actual coligação
no ex-SBSI, o caminho para o descalabro será progressivo até a um
ponto de não retorno.
PARA
NÃO MAIS ENCERRAMENTOS
A
SOLUÇÃO POSSÍVEL
O
retorno à “Idade de Ouro” do sindicalismo bancário passa pelo
assumir corajoso de obectivos de mudança por parte de sindicalistas
responsáveis da Tendência Sindical Socialista e de sindicalistas da
Tendência Sindical MUDAR que se comprometam com um Programa virado
para a unidade na acção e, a bem dos trabalhadores bancários, concorrerem juntos às próximas eleições para os Corpos Gerentes
do ex-SBSI.
CONVITE À INQUIETAÇÃO (Clique na imagem para aumentar)
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