sexta-feira, 27 de março de 2020

A PARTE HUMANA DOS SAMS

Imagem obtida no portal de “ACESSA.COM”


A PARTE HUMANA DOS SAMS


Quantos de nós não terão tido ao longo das vidas momentos que nos fazem acreditar que neste mundo há pessoas que se interessam pelo bem estar dos outros?

Neste período que atravessamos e em que somos surpreendidos pela inusitada deliberação da Direcção do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI) de mandar encerrar todos os serviços dos SAMS (Serviços de Assistência Médico Social) durante um mês, sugerindo aos cerca de 100 mil beneficiários que recorressem ao Serviço Nacional de Saúde ou à AdvanceCare caso necessitassem de algum serviço de saúde, há recordar exemplos de momentos bons que nos levem a resistir às atitudes nada dignificantes com que estamos a ser confrontados.

A minha mulher, que tinha sido operada a uma catarata há menos de um mês no Hospital dos Olivais - Lisboa (propriedade dos SAMS/SBSI), recebeu há meia dúzia de dias um telefonema da Drª CC, a médica que a tinha operado.

O teor do telefonema foi, mais ou menos, o seguinte:

CC – Boa tarde. D. Anita?

Anita – Sim. Faz favor de dizer?

CC – Fala CC.

Anita – (silêncio)

CC – Dr.ª CC, dos SAMS.

Anita – Ah!!! Boa tarde. Diga Drª.

CC – Quero saber se está tudo bem. Continua a pôr as gotas?

Anita – Está tudo bem. Vejo perfeitamente, menos ao pé. Quanto às gotas terminam dentro de 15 dias.

CC – E comprou os óculos que a aconselhei?

Anita – Claro. Vejo, ao pé, perfeitamente com eles.

CC – Muito bem. Então se tiver algum problema não hesite em contactar-me. Mas não saia de casa. Telefone.

Anita – Pode ficar descansada… Só saio para fazer comprar e ir à farmácia. E a Dr.ª como é que está?

E a conversa continuou por mais uns minutos.

Fiquei agradavelmente surpreendido com este telefonema, pois nada obrigava esta SENHORA a contactar um doente que estava em fase de recuperação e impedido de se deslocar aos serviços dos SAMS. Não temos qualquer relação de amizade com esta médica, excepto a que decorre das relações médico / doente e exclusivamente nesse âmbito.

Como esta médica seguramente outros haverá (uma maioria?) que indo além da competência técnica da profissão adicionam-lhe o lado humano indispensável a quem está numa situação fragilizada: os doentes.

São estes (e outros) procedimentos mais humanos dos profissionais de saúde dos SAMS que fazem desta NOSSA instituição de saúde um local em que nos sentimos protegidos e que acalenta a nossa fé no nosso semelhante.

Infelizmente há quem tenha uma visão tecnicista dos SAMS e desvaloriza a parte humana e, assim, sem hesitações, manda encerrar os serviços com prejuízo de milhares de utentes.

Por isso, os gestos humanistas de quem não é profissionalmente obrigado a tê-los deve ser evidenciado como exemplos a seguir numa sociedade que se quer cada vez mais solidária.



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