segunda-feira, 16 de março de 2020

COVID – 19 (A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO)

Imagem obtida no portal “canaltech”




COVID – 19
(A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO)


Transcrevo o texto abaixo que chegou ao meu conhecimento e que me parece útil ser divulgado


Caríssimos
Recebi este texto dum colega meu, presidente de uma das faculdades de Medicina do país. Retoquei-o ligeiramente para o encurtar e re-envio porque acho fundamental.


Não somos entidades com nomes sonantes nem peritos em epidemiologia, somos apenas médicos que vivem diariamente num Sistema Nacional de Saúde (SNS) que no dia a dia já trabalha no limite, e como tal, vemos com apreensão os dias que se avizinham.
Não estamos satisfeitos com o modo como a situação do COVID-19 tem sido conduzida pelas entidades competentes nem com o comportamento da população. Na tentativa de não causar pânico, a verdadeira mensagem de responsabilização de cada um não está a passar e a nossa percepção é que pessoas fora da área da Saúde acham que o actual cenário “é um exagero”.
Assim, pretendemos deixar as seguintes notas com base no cenário que vemos em Itália e que começamos a ver em Espanha, reforçando o seguinte:

1. A MAIORIA DOS CASOS É UMA DOENÇA LIGEIRA - Mais de 80% das pessoas infectadas com o COVID-19 terão sintomas muito leves, semelhantes a uma simples constipação ou a uma gripe ligeira. Estes casos não precisam e não devem ir aos Serviços de Urgência. Não o dizemos por capricho! Não há qualquer tratamento a oferecer aos casos ligeiros e a grande maioria melhorará por si com os cuidados domésticos usuais. Hospital não é para ser usado como terapêutica da ansiedade. E será mais um a colocar em risco sem necessidade todos os outros utentes e profissionais que lá estejam.

2. PELO MENOS 10% DOS CASOS SERÃO GRAVES o suficiente para causar falta de ar e obrigar ir ao Hospital. Destes 10%, alguns serão graves o suficiente para precisarem de ventilação mecânica, ou seja de ventilador, que o povo conhece como “ficar ligado à máquina”. Apesar de estes casos graves serem maioritariamente pessoas idosas ou com doenças que os fragilizam, podendo chegar a 15-20% destes, também poderão acontecer a jovens saudáveis, embora raros, (0.2%?). Isto totalizará cerca de 10.000 casos a precisar de ventilação. Se isto acontecer em pouco tempo significa uma enormidade de doentes graves que o SNS não terá capacidade de assistir da melhor forma, que é o que se vê acontecer em Itália, onde ventiladores estão a ser recusados logo à partida, sem qualquer contemplação, a pessoas com mais de 60 anos. É simples, não há para todos ao mesmo tempo, em país nenhum do mundo.

3. AS CRIANÇAS parecem ser bastante contagiosas, ao contrário do que se viu escrito em alguns locais, mas apresentam poucos sintomas quando infectadas. Não há qualquer caso publicado de doença grave em crianças menores de 10 anos. Os miúdos são rijos, mas muito contagiosos. Ou seja, devemos evitar o contacto entre as crianças da família e respectivos avós e outros membros mais frágeis.

4. O QUE PODEMOS ENTÃO FAZER? Tentar que em vez de termos 10.000 casos até ao final de Março, tenhamos esses 10.000 casos espalhados no tempo ao longo de 6 meses. Faz muita diferença entrarem no mesmo dia 10 ou ter 50 pessoas num hospital a precisar de ventilador. Como podemos então abrandar o surgimento de novos casos? Isolarmo-nos o mais possível. E cada dia conta no atraso da propagação que vamos conseguir! Assim
a. Se és dono de uma empresa ou escritório considera fechar portas e colocar os funcionários a trabalhar tanto quanto possível de casa. E salvaste vidas!!
b. Se podes trabalhar de casa, deves absolutamente fazê-lo.
c.Não vás ao ginásio, vai dar uma corrida (não em grupo!) e faz umas flexões em casa.
d. Não vás ao café nem ao restaurante, para já não falar de discotecas e bares.
e. Cancelem reuniões de família. Terão de compreender que isso é melhor que ter familiares doentes

5. TEMOS DE CORRIGIR E CRITICAR OS QUE SABOTAM O ESFORÇO DE TODOS seja por egoísmo, ou por ignorância. É o caso dos aglomerados que se viram recentemente da garotada e turistada que foi para as praias, muitos deles por acreditarem em mitos estúpidos como a agua do mar ou estar ao sol matarem o vírus. As pessoas e a sociedade não têm só direitos, têm também deveres. Isso é algo que os discursos políticos, para ganhar votos, levam as pessoas a esquecer-se.

6. A MÁSCARA cirúrgica só é útil para quem já está a tossir e espirrar. Para pessoas sem sintomas ajuda pouco. Ou seja, é muito mais útil para evitar a disseminação do que para auto-protecção. É inadmissível tossir e espirrar ao pé de outras pessoas sem tapar a boca com o cotovelo: é egoísta e bruto/a e ainda se ofendem quando lhes chamamos a atenção, dizendo que têm rinite alérgica: e então não pode ter as duas coisas? …).É a tal etiqueta respiratória.

7. O MAIS IMPORTANTE É lavar as mãos frequentemente e evitar tocar na cara/boca/olhos e manter a distância social: não há apertos de mão, não há beijinhos e falar de perto é também má ideia (todos conhecemos pessoas que mandam muitos “perdigotos”

8. OUTRAS DOENÇAS E ACIDENTES NÃO VÃO TIRAR FÉRIAS. Tal como antes, continuarão a existir gripes banais, AVCs, enfartes, outras pneumonias que nada têm a ver com esta, acidentes de viação. Com uma diferença importante: quando esses doentes graves precisarem de vaga nos cuidados intensivos (que mesmo num dia bom já são insuficientes e difíceis de gerir), podem não a ter. A mortalidade do COVID não é só a mortalidade do COVID . Assim, com um sistema a trabalhar para lá do limite, todas as outras doenças que já antes matavam, matarão mais.

9. O PÂNICO É CONTRAPRODUCENTE. Pânico não diminui os problemas, as medidas anteriores é que sim. Ninguém tem necessidade de açambarcar o papel higiénico ou as conservas do supermercado…

10. A SOCIEDADE NÃO COLAPSARÁ. Mas esta situação é nova para todos. Isto não é a gripe A, a crise dos combustíveis, nem a crise dos migrantes. Cabe a cada um de nós fazer a sua parte para que seja o menos sério possível.


JOSÉ LUIS THEMUDO BARATA”



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