segunda-feira, 17 de junho de 2019

MEDIR FORÇAS… MAS COM OS PATRÕES



Imagem Obtida em “CKM.PL”



MEDIR FORÇAS… MAS COM OS PATRÕES


SINDICATOS DESAVINDOS?

Há uns dias fui informado que o Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI) foi confrontado “com um pedido de conciliação do processo negocial do BCP, apresentado pelo Sindicato dos Bancários do Norte” (SBN). Veio o SBSI esclarecer que é contra, pois “não desiste de tentar chegar a acordo com o Banco relativamente ao aumento da tabela salarial e cláusulas de expressão pecuniária”.

Mais esclareceu o SBSI que no passado dia 7 de Junho esteve presente numa “reunião de conciliação do conflito colectivo de trabalho relativo à revisão de 2018 do Acordo Colectivo com o BCP”, convocada pela Direcção Geral do Emprego e das Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho, a pedido do SBN, tendo, nessa reunião, manifestado “inequivocamente que não subscreve o pedido de conciliação do SBN”.


AS DESAVENÇAS COMEÇARAM EM 2007?

Recuemos a 2007, mais precisamente a Novembro, data da constituição da Federação do Sector Financeiro (FEBASE) cujos sindicatos que a constituiram são o SBSI, o SBN, o SBC (Sindicato dos Bancários do Centro), o SISEP (Sindicato dos Profissionais de Seguros de Portugal) e o STAS (Sindicato dos Trabalhadores da Actividade Seguradora).

E, porque razão constituíram estes 5 Sindicatos esta Federação? Fizeram-no para:

- Promover, organizar e apoiar acções conducentes à satisfação das justas reivindicações dos trabalhadores;

- Alicerçar a solidariedade e a unidade entre todos os trabalhadores, desenvolvendo a sua consciência sindical;

- Promover a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres no acesso ao emprego, à formação profissional, à participação no movimento sindical e ao desenvolvimento progressivo de uma carreira profissional adequada, incentivando a introdução de mecanismos inovadores com vista à articulação entre a vida profissional e a vida familiar, bem como a dinamização destes ideais junto de organizações nacionais e internacionais em que esteja filiada.

(Sublinhado da minha responsabilidade)

Poderemos afirmar que estes objectivos, em 12 anos da existência da FEBASE, foram, mesmo que minimamente, alcançados?

Recordo que na altura da constituição da FEBASE, o que muitos trabalhadores bancários, sócios do SBSI defendiam era a constituição de um Sindicato ÚNICO, constituído, no mínimo, pelos 3 sindicatos bancários de maior representatividade na banca (SBC, SBN, SBSI). Mas, não foi este o entendimento das Direcções dos 3 sindicatos e resolveram constituir a FEBASE, sugerindo, até, que seria um “passo” intermédio necessário para o sindicato ÚNICO. Passo intermédio necessário porque, digo eu que digo coisas, e fazendo um juízo de valor possivelmente errado, os membros das direcções sindicais ainda não estavam disponíveis para abdicar dos cargos que exerciam. A corresponder à verdade este meu juízo de valor, vem o mesmo também demonstrar que o objectivo da constituição da FEBASE de alicerçar a solidariedade e a unidade entre todos os trabalhadores, desenvolvendo a sua consciência sindical” não foi alcançado, nem sequer entre os dirigentes dos 3 sindicatos dos bancários


REFERENDO AGRAVA AS DESAVENÇAS

Em 2018 o SBC, SBN e SBSI promoveram referendos autónomos, com perguntas diferentes, em que, na pratica, alargavam o âmbito geográfico de intervenção a todo o território para, segundo o SBSI, poder vir a integrar um Sindicato ÚNICO. A questão, pareceu-me, então, melindrosa, pois podia ser entendida como uma “OPA” hostil aos outros sindicatos. E acabou por o ser relativamente ao SBN, pois os associados recusaram a extinção do seu sindicato.


E ATÉ JÁ AMEAÇAS DE RETALIAÇÃO SÃO FEITAS

Mas, os conflitos entre Direcções sindicais não ficaram por aqui. Segundo o Jornal de “Negócios” de 30 de Janeiro de 2019, o SBN irá ficar de fora da assinatura (em 31 de Janeiro de 2019) do Protocolo que vai dar origem ao Sindicato Nacional do Sector Financeiro, o que levou um dirigente do SBN a ameaçar: "Estamos muito atentos. Se os outros sindicatos avançarem para uma estrutura nacional, abrangendo a nossa área de intervenção, também nós avançaremos para tornar o SBN num sindicato nacional". Não restam agora dúvidas que a “trapalhada” negocial” entre os 3 sindicatos dos bancários contribuiu para mais uma machada no objectivo da constituição da FEBASE de alicerçar a solidariedade e a unidade entre todos os trabalhadores, desenvolvendo a sua consciência sindicalque não foi alcançado, nem sequer entre os dirigentes dos 3 sindicatos dos bancários.


BASTA!

Estas lutas “intestinas” não trariam qualquer mal ao mundo (excepto o desprestígio dos protagonistas...) não fora estar a ser transportado para o plano das negociações com os Bancos, como se constata no início deste escrito, podendo contribuir, obviamente, para que as negociações corram mal, situação em que os trabalhadores serão prejudicados. Mas, não só os trabalhadores. Os sindicatos, em si mesmos, também. Quanto menor forem os aumentos salariais, menores serão as quotizações sindicais.

BASTA! Não foi para lutarem uns com os outros que foram eleitos. Se querem medir forças, comecem por fazê-lo com os patrões.



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