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Obtida em “CKM.PL”
MEDIR
FORÇAS… MAS COM OS PATRÕES
SINDICATOS
DESAVINDOS?
Há
uns dias fui informado que o Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas
(SBSI) foi confrontado “com um pedido de
conciliação do processo negocial do BCP, apresentado pelo
Sindicato dos Bancários do Norte” (SBN). Veio o SBSI
esclarecer que é contra, pois “não
desiste de tentar chegar a acordo com o Banco relativamente ao
aumento da tabela salarial e cláusulas de expressão pecuniária”.
Mais
esclareceu o SBSI que no passado dia 7 de Junho esteve presente numa
“reunião de conciliação do conflito
colectivo de trabalho relativo à revisão de 2018 do Acordo
Colectivo com o BCP”, convocada pela Direcção Geral do
Emprego e das Relações do Trabalho do Ministério do Trabalho, a
pedido do SBN, tendo, nessa reunião, manifestado “inequivocamente
que não subscreve o pedido de conciliação do SBN”.
AS
DESAVENÇAS COMEÇARAM EM 2007?
Recuemos
a 2007, mais precisamente a Novembro, data da constituição da
Federação do Sector Financeiro (FEBASE) cujos sindicatos que a
constituiram são o SBSI, o SBN, o SBC (Sindicato dos Bancários do
Centro), o SISEP (Sindicato dos Profissionais de Seguros de Portugal)
e o STAS (Sindicato dos Trabalhadores da Actividade Seguradora).
E,
porque razão constituíram estes 5 Sindicatos esta Federação?
Fizeram-no para:
-
Promover, organizar e apoiar acções
conducentes à satisfação das justas reivindicações dos
trabalhadores;
-
Alicerçar a solidariedade e a unidade
entre todos os trabalhadores, desenvolvendo a sua consciência
sindical;
-
Promover a igualdade de oportunidades entre
homens e mulheres no acesso ao emprego, à formação profissional, à
participação no movimento sindical e ao desenvolvimento progressivo
de uma carreira profissional adequada, incentivando a introdução de
mecanismos inovadores com vista à articulação entre a vida
profissional e a vida familiar, bem como a dinamização destes
ideais junto de organizações nacionais e internacionais em que
esteja filiada.
(Sublinhado
da minha responsabilidade)
Poderemos
afirmar que estes objectivos, em 12 anos da existência da FEBASE,
foram, mesmo que minimamente, alcançados?
Recordo
que na altura da constituição da FEBASE, o que muitos trabalhadores
bancários, sócios do SBSI defendiam era a constituição de um
Sindicato ÚNICO, constituído, no mínimo, pelos 3 sindicatos
bancários de maior representatividade na banca (SBC, SBN, SBSI).
Mas, não foi este o entendimento das Direcções dos 3 sindicatos e
resolveram constituir a FEBASE, sugerindo, até, que seria um “passo”
intermédio necessário para o sindicato ÚNICO. Passo intermédio
necessário porque, digo eu que digo coisas, e fazendo um juízo de
valor possivelmente errado, os membros das direcções sindicais
ainda não estavam disponíveis para abdicar dos cargos que exerciam.
A corresponder à verdade este meu juízo de valor, vem o mesmo
também demonstrar que o objectivo da constituição da FEBASE de
“alicerçar
a solidariedade e a unidade entre todos os trabalhadores,
desenvolvendo a sua consciência sindical” não foi
alcançado, nem sequer entre os dirigentes dos 3 sindicatos dos
bancários
REFERENDO
AGRAVA AS DESAVENÇAS
Em
2018 o SBC, SBN e SBSI promoveram referendos autónomos, com
perguntas diferentes, em que, na pratica, alargavam o âmbito
geográfico de intervenção a todo o território para, segundo o
SBSI, poder vir a integrar um Sindicato ÚNICO. A questão,
pareceu-me, então, melindrosa, pois podia ser entendida como uma
“OPA” hostil aos outros sindicatos. E acabou por o ser
relativamente ao SBN, pois os associados recusaram a extinção do
seu sindicato.
E
ATÉ JÁ AMEAÇAS DE RETALIAÇÃO SÃO FEITAS
Mas,
os conflitos entre Direcções sindicais não ficaram por aqui.
Segundo o Jornal de “Negócios” de 30
de Janeiro de 2019, o SBN irá ficar de fora da assinatura (em
31 de Janeiro de 2019) do
Protocolo que vai dar origem ao Sindicato Nacional do Sector
Financeiro, o que levou um dirigente do SBN a ameaçar:
"Estamos
muito atentos. Se os outros sindicatos avançarem para uma estrutura
nacional, abrangendo a nossa área de intervenção, também nós
avançaremos para tornar o SBN num sindicato nacional".
Não
restam agora dúvidas que a “trapalhada” negocial” entre os 3
sindicatos dos bancários contribuiu
para mais uma machada no
objectivo da constituição da FEBASE de “alicerçar
a solidariedade e a unidade entre todos os trabalhadores,
desenvolvendo a sua consciência sindical”
que
não
foi alcançado, nem sequer entre os dirigentes dos 3 sindicatos dos
bancários.
BASTA!
Estas
lutas “intestinas” não trariam qualquer mal ao mundo (excepto o
desprestígio dos protagonistas...) não fora estar a ser
transportado para o plano das negociações com os Bancos, como
se constata no início deste escrito,
podendo contribuir, obviamente, para que as negociações corram mal,
situação em que os trabalhadores serão prejudicados. Mas, não só
os trabalhadores. Os sindicatos, em si mesmos, também. Quanto menor
forem os aumentos salariais, menores serão as quotizações
sindicais.
BASTA!
Não
foi para lutarem uns com os outros que foram eleitos. Se querem medir
forças, comecem por fazê-lo com os patrões.
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