terça-feira, 25 de junho de 2019

Vice-presidente do SBSI confessa


Imagem obtida em “GENJURÍDICO”




Vice-presidente do SBSI confessa:
Os salários continuam a cair




O Editorial de Maio de 2019 (ver AQUI) da revista mensal do “Sindicato dos Bancários do SUL e Ilhas” (SBSI) é inócuo.

Logo no primeiro parágrafo afirma-se que existe “um mau clima social em alguns bancos em Portugal” o que não é mais do que uma constatação de uma realidade já conhecida dos bancários.

No segundo parágrafo critica-se “a busca de resultados desmedidamente ambiciosos” na banca para se concluir que contribuem para o resultado de uma “má gestão económica”. Contudo, não se faz qualquer referência critica às pressões a que os trabalhadores bancários são sujeitos para alcançarem os objectivos que as Direcções dos bancos estabelecem.

Que miserável vergonha!”, clama o autor do Editorial, reportando-se ao “aumento” salarial que a Banca propôs e a que ele chama de “oferta”. Como se um aumento salarial fosse uma “oferta”! Não será antes uma justa retribuição, embora parcialmente compensatória, das mais valias que os Bancários produziram para benefício dos acionistas dos bancos?

O Vice-presidente do SBSI talvez receando que se não saiba que “(…) existem bancários no activo e reformados que há 10 anos não veem a sua tabela/reforma actualizada” não deixa de o referir, mas esquece-se de comentar o que as Direcções (não) fizeram para alterar a situação. E, termina com mais uma verdade do senhor de La Palisse: “(…) os salários da classe bancária continuam a cair (...)”.

O diagnóstico do Vice-Presidente do SBSI está correcto. Contudo, um dirigente quando faz um diagnóstico tem a obrigação de apontar caminhos para a solução dos eventuais problemas resultantes do diagnóstico que faz. Porque é também para isso que um sindicato serve.

Não é sindicalmente honesto apontar como caminhos estas duas alegadas propostas:

1 - “Temos de encontrar uma saída para este flagelo social (...)”, lê-se no Editorial

TEMOS?! Mas TEMOS quem? Há quantos anos se não fazem reuniões de trabalhadores?

A altíssima abstenção que se verificou nas recentes eleições para os Corpos Gerentes do SBSI foram (são) a resposta clara ao TEMOS e denuncia o inexistente trabalho que, em conjunto com os bancários, os dirigentes sindicais tinham a obrigação de ter tido. Não há TEMOS e não parece que estejamos perante uma proposta. Talvez... um desejo…?! Ou uma intenção.

2 - ESTAREMOS ATENTOSao problema dos colegas do Millennium BCP”, promete-se no Editorial.

Ser-nos-à permitido pensar solidariamente que este é um problema de TODOS e não só dos colegas do Millennium? O sindicato não tem que mobilizar todos os associados para lutarem pelos interesses e direitos de todos e de cada um? ESTAREMOS ATENTOS”! Sem duvida que o estar atento não tem qualquer significado prático e representa... talvez um estado de espírito…?!

Ninguém refuta o diagnóstico que é feito no Editorial, mas também ninguém se sente galvanizado pelo que lá é dito. Caminhos a percorrer? Nenhum. Sugestões? Nenhuma. Mas, os bancários podem ficar descansados. Os dirigentes que uma minoria de bancários elegeu, ESTÃO ATENTOS.

E o Editorial termina com dois brilhantes pedaços de prosa.

Os bancários portugueses continuam no seio do furacão. Terão de saber dar o salto (...)”. Quando e como vamos dar o “salto”? O Vice-presidente do SBSI não diz, mas vai ESTAR ATENTO.

Por outro lado, estabelece-se, de forma subliminar, uma causalidade entre ser dirigente jovem e trabalhador de grandes bancos como razão necessária para estar atento e preocupado. É o que escreve, a finalizar o Editorial, o Vice-presidente do SBSI. Um absurdo! Como absurdo seria dizer, em oposição ao que escreveu o Vice-presidente do SBSI, que ser dirigente velho e trabalhador de pequenos bancos seria um impedimento a estar atento e preocupado e não saber agir em conformidade.

Por fim, o título do editorial: Ainda a crise!

A que crise se refere este título? No entanto, o texto do Editorial, que se pode chamar sub-título dá uma pista:

O crescimento económico está de regresso, mas os salários da classe bancária continuam a cair, uma realidade reconhecida pela própria UE

Uma frase contraditória e que é simultaneamente a confissão do Vice-Presidente da Direcção do SBSI de que os dirigentes sindicais dos bancários não conseguem impedir a queda dos salários da classe bancária (há mais de 10 anos) e, digo eu, não conseguem ter iniciativas sindicais que sustenham essa queda.



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