quarta-feira, 26 de junho de 2019

Sindicatos Instituições de Solidariedade


Imagem obtida em “Mútua dos Pescadores”



ECONOMIA SOCIAL
Caridade ou solidariedade
e
Sindicatos Instituições de Solidariedade



Economia Social “é um setor que muitas vezes aparece como um paliativo, baseado na caridadezinha, querendo apontar como que para uma relação entre iguais, como se não houvesse aqui exploração” escreve Américo Monteiro no “Jornal de Negócios” e prossegue considerando que é “um setor onde existe muita precariedade, baixos salários, horários médios e, com significativa diferença salarial entre homens e mulheres”. (ver AQUI).

Para se saber o que é a Economia Social e a diferença comparativa com a Economia Privada Capitalista pode recorrer-se ao “Google” e ficar-se-à com uma noção relativamente boa. Grosso modo poderemos dizer que na economia social os lucros (quando os há) não são distribuídos pelos associados, mas reinvestidos na totalidade na “empresa”, contrariamente à economia privada capitalista em que os lucros são distribuídos pelos acionistas.

Já quanto à “caridadezinha” não encontrei no “Google” (não quer dizer que não existe) uma definição simples e sintética da diferença que existe entre Caridade e Solidariedade. Por isso, há já alguns anos, que defini “a minha diferença” que venho tornando pública e que quero, também neste espaço, partilhar.

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A grande, a enorme diferença entre caridade e solidariedade assenta na atitude que se tem na prestação de uma ajuda imediata (que é caridade) sem que de alguma forma desenvolvamos esforços para transformar a situação do carente (que é solidariedade).

Praticarei a caridade (e talvez fique de bem com a minha consciência) ao dar a um pedinte uma moeda sem me voltar a preocupar com o problema e sem que com a minha acção caritativa altere a vida daquela pessoa.

Serei solidário se, para além da moeda, como forma de resolução imediata de um problema, desenvolver todos os esforços ao meu alcance para modificar a situação de carência, por forma a não ser de novo abordado e ter de, de novo, praticar caridade.

A moeda que dou (que antigamente se chamava esmola) apresenta-se agora em novas formas: nos sacos de alimentos que nos pedem nos supermercados, nas cantinas sociais (neologismo que substituiu a antiga “sopa do Sidónio” ou noutras quaisquer formas de caridade).

Evidentemente que os mais desfavorecidos, apesar destas acções de caridade, continuam mais desfavorecidos e estas acções, impropriamente chamadas solidárias, além de os não dignificarem, não contribuem para modificar o estatuto social em que, infelizmente, se encontram. E não contribuem para alterar o status quo das pessoas porque as mesmas são de natureza caritativa. São acções de caridade.

Não afirmo, longe de mim, que a caridade não é importante para impedir NO IMEDIATO danos maiores. Mas chamemos-lhe exactamente isso: caridade. Não sublimemos a acção esmoler (caridade), que não altera a situação de carência e mantém a supremacia de quem dá e a dependência de quem recebe por necessidade.

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Considerando, como diz Arménio Monteiro, que no sector da Economia Social existe precariedade, baixos salários, horários médios e desigualdades salariais, reportando-se a trabalhadores por conta de outrem, não devem, nem podem, os sindicatos ficar indiferentes às condições de trabalho existentes neste sector. E não ficam! Segundo Américo Monteiro a CGTP-IN considerou que “este é um setor onde as condições de trabalho devem ser reforçadas e melhoradas. Os desafios para a ação sindical nesta área são grandes. Os sindicatos podem ter aqui um papel importante”.

Por tudo isto atrevo-me a afirmar que os Sindicatos são, também, instituições de solidariedade, pois, através de acções reivindicativas, contribuem para alterar a vida das pessoas nos mais variados aspectos.


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